Questão 60e747e3-30
Prova:PUC - RS 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia um trecho do poema “Um novo Jó”, de Manoel de Barros, e preencha os parênteses com V para verdadeiro e F para falso.

Desfrutado entre bichos

raízes, barro e água

o homem habitava

sobre um montão de pedras.

(...)

Convivência de murta

e rãs... A boca de raiz

e água escorria barro...

Bom era

sobre um pedregal frio

e limoso dormir!

Ao gume de uma adaga

tudo dar.

Bom era ser bicho

que rasteja nas pedras;

ser raiz de vegetal

ser água.

Bom era caminhar sem dono

na tarde

com pássaros em torno

e os ventos nas vestes amarelas.

Não ter nunca chegada

nunca optar por nada

Ir andando pequeno sob a chuva

torto como um pé de maçãs (...)

( ) Ainda que valorize a simplicidade do meio rural, o poema manifesta a superioridade do homem frente à natureza.

( ) O poeta brinca com as palavras, dando-lhes novos sentidos e causando estranhezas no leitor.

( ) No poema, bichos, plantas e minerais convivem em harmonia e simbiose.

( ) O eu lírico destaca a necessidade de um destino, de um objetivo a ser traçado pelo homem.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

A
V – F – V – V
B
V – F – F – V
C
V – V – V – F
D
F – V – F – F
E
F – V – V – F

Gabarito comentado

C
Camilo CordeiroTime de mentores Qconcursos

Tema central: Interpretação de texto literário, especialmente poesia. Essa habilidade exige identificar temas, subjetividade, uso de linguagem figurada e sentidos implícitos — tópicos cobrados nos vestibulares e constantes nas gramáticas de referência, como Bechara e Cunha & Cintra.

Justificativa para a alternativa correta (E):

A sequência F – V – V – F é a única que respeita o sentido global do poema de Manoel de Barros, valoriza o olhar simbiótico do eu lírico com a natureza, reconhece o caráter original da linguagem poética e a ausência de busca por objetivos ou destinos fechados.

Análise das afirmativas:

1) "Ainda que valorize a simplicidade do meio rural, o poema manifesta a superioridade do homem frente à natureza."
F — Incorreta, pois o texto propõe integração e igualdade entre homem e natureza. Destaca-se o desejo de ser raiz, água, animal, rejeitando atitudes de domínio humano, conforme a poética de Manoel de Barros.

2) "O poeta brinca com as palavras, dando-lhes novos sentidos e causando estranhezas no leitor."
V — Verdadeira. O uso criativo da linguagem, próprio do autor, promove novos significados e sensações inesperadas, recorrendo a metáforas e associações inusitadas, em linha com observações de Evanildo Bechara ("a poesia reinventa o significado das palavras com liberdade").

3) "No poema, bichos, plantas e minerais convivem em harmonia e simbiose."
V — Verdadeira. O texto apresenta uma convivência pacífica entre estes elementos: “raízes, barro e água”, “bicho que rasteja nas pedras”, tudo evidencia o equilíbrio e a simbiose entre seres.

4) "O eu lírico destaca a necessidade de um destino, de um objetivo a ser traçado pelo homem."
F — Incorreta, visto que o poema ressalta o contrário: a ausência de destino e imposição de metas (“não ter nunca chegada, nunca optar por nada”), sugerindo valorização do presente e da liberdade.

Armadilhas comuns: Em provas, atenção a palavras como "superioridade" ou "objetivo" — frequentemente desconexas dos sentidos poéticos! Sempre busque palavras-chave que expressam integração ou ruptura.

Dica final: Em poesia, foco na subjetividade e múltiplos sentidos provocados pela linguagem figurada — segundo Celso Cunha & Lindley Cintra, “O significado ultrapassa o sentido literal”. Leia atentamente cada verso.

Gabarito: E (F – V – V – F)

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