“Com meu chapéu de lado, tamanco arrastado
Lenço no pescoço, navalha no bolso
Eu passo gingando, provoco desafio
Eu tenho orgulho de ser vadio.“
Wilson Batista, 1933.
“Quem trabalha é quem tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
O bonde de São Januário
leva mais um operário
sou eu que vou trabalhar.“
Wilson Batista, 1940.
A comparação das ideologias, dos dois sambas,
indica a
Lenço no pescoço, navalha no bolso
Eu passo gingando, provoco desafio
Eu tenho orgulho de ser vadio.“
Eu digo e não tenho medo de errar
O bonde de São Januário
leva mais um operário sou eu que vou trabalhar.“
Gabarito comentado
Resposta correta: B — influência do Estado na produção cultural durante o governo de Getúlio Vargas.
Tema central: a questão trata da intervenção do Estado na cultura brasileira nas décadas de 1930–1940. É preciso reconhecer como o governo Vargas passou da promoção do nacionalismo cultural à intervenção direta (censura, promoção e orientação), incorporando manifestações populares como o samba.
Resumo teórico sucinto: a partir do fim da década de 1930 e com o Estado Novo (1937–1945), o Estado brasileiro intensificou políticas culturais para construir unidade nacional e legitimar o regime. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado em 1939, centralizou comunicação, censurou e também incentivou formas culturais que servissem aos objetivos oficiais. Historiadores como Boris Fausto e Thomas Skidmore destacam esse uso da cultura como ferramenta política.
Por que a alternativa B é correta: as diferenças temáticas entre os sambas (um valorizando a figura do "vadio" e outro exaltando o trabalhador e o "bonde" como espaço coletivo) revelam a apropriação e direcionamento do discurso cultural pelo Estado. O contexto cronológico (1940, já com DIP e políticas do Estado Novo) aponta claramente para influência estatal na produção e difusão cultural.
Análise das alternativas incorretas:
- A (liberdade artística assegurada pelo DIP) — incorreta. O DIP não assegurou liberdade; ele orientou, regulou e censurou conforme interesses do regime.
- C (popularidade dos sambas na República Velha com a radiofonia) — incorreta. Embora a radiofonia tenha popularizado o samba, o contraste apresentado é temporal e ideológico (1933 vs 1940) e refere-se à intervenção estatal no período Vargas, não à República Velha.
- D (manipulação da arte em favor da política, durante o populismo democrático) — imprecisa. “Populismo democrático” é termo vago aqui; o caso refere-se à coerção e à política cultural do Estado Novo, período autoritário de Vargas, com órgãos como o DIP.
- E (venalidade de todos os intelectuais e artistas) — errada e generalizadora. Não se pode afirmar a “venalidade de todos”; a interpretação correta recai sobre a atuação do Estado sobre a produção cultural, não sobre a ética individual de toda a intelectualidade.
Dica de prova: atente a datas, nomes institucionais (ex.: DIP, 1939) e a mudança temática das letras: quando a cultura passa a articular temas sonhados pelo Estado, geralmente indica intervenção/integração estatal — leia as alternativas em busca de termos absolutos (“todos”, “assegurada”) que costumam ser armadilhas.
Fontes indicadas: obras introdutórias de Boris Fausto e Thomas Skidmore sobre Vargas e cultura; pesquisas sobre o DIP (criado em 1939) e análises da política cultural do Estado Novo.
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