Questão 5e9b5264-2a
Prova:PUC - RS 2014
Disciplina:História
Assunto:República Autoritária : 1964- 1984, História do Brasil, Reconstrução Democrática : Governo Sarney

Do ponto de vista econômico, os anos 80, no Brasil, são considerados como a “década perdida”, pois os índices de crescimento da economia, que chegaram a atingir a casa dos 10% anuais entre 1950 e 1970, caíram a taxas inferiores a 1%. Sobre os fatos que podem explicar essa queda, NÃO é correto incluir

A
o excesso de intervenção do Estado na economia durante o governo militar, que criou inúmeras empresas estatais, aumentando, assim, o peso da máquina estatal e o déficit público.
B
a “crise do petróleo” de 1979, que diminuiu a oferta do produto e, consequentemente, aumentou o seu preço, prejudicando os países importadores desse combustível, como o Brasil.
C
o aumento deliberado do salário mínimo, que ampliou a renda dos trabalhadores, permitindo o seu maior acesso ao mercado de consumo e, dessa maneira, provocando inflação e carência de produtos.
D
o crescimento do endividamento externo, derivado dos empréstimos tomados pelo governo militar para ampliar os investimentos no país, mas que se tornaram impagáveis depois que os bancos internacionais aumentaram as taxas de juros.
E
a tendência de os governos brasileiros procurarem resolver os problemas do déficit público sem cortar gastos ou ampliar receitas, mas aumentando a emissão de moedas, com o acirramento do surto inflacionário.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: análise das causas da chamada década perdida (anos 1980) no Brasil — queda do crescimento, inflação alta e crise da dívida externa. É preciso distinguir causas estruturais (endividamento, política fiscal, choques externos) de explicações simplistas.

Resumo teórico: a crise econômica dos anos 80 decorreu principalmente de: (1) acúmulo de dívida externa contraída na década anterior; (2) choque de preços do petróleo (anos 1973 e 1979) que elevou custos para países importadores; (3) déficits públicos e forte participação de empresas estatais no orçamento; (4) políticas monetárias expansivas para financiar déficits, levando à inflação. Fontes clássicas: Celso Furtado, Formação Econômica do Brasil; relatórios do FMI e do Banco Central do Brasil sobre a crise da dívida.

Por que a opção C é a incorreta (e, portanto, correta para marcar como “NÃO é correto incluir”)?

A alternativa C atribui à elevação deliberada do salário mínimo a principal causa da inflação e da escassez de produtos. Isso é uma simplificação inadequada. O aumento do salário mínimo pode pressionar custos, mas a inflação brasileira dos anos 80 teve origem sobretudo em:

  • monetização de déficits fiscais (emissão de moeda);
  • choques externos e aumento das taxas de juros internacionais;
  • indexação generalizada da economia e problemas de oferta decorrentes de investimentos improdutivos.

Portanto, dizer que o aumento do salário mínimo foi causa central e direta da crise é incorreto e distorce a análise macroeconômica.

Análise das alternativas incorretas (que sim contribuíram para a crise):

A — Correta como fator: a forte presença estatal e criação de empresas estatais elevou o peso fiscal e os déficits, pressionando contas públicas.

B — Correta: os choques do petróleo (notadamente 1979) aumentaram preços energéticos, prejudicando países importadores como o Brasil e piorando a conta corrente.

D — Correta: o grande endividamento externo na década de 1970 tornou-se impagável quando juros internacionais subiram e o crescimento desacelerou — fator central da crise da dívida dos anos 80.

E — Correta: a solução via emissão monetária para cobrir déficits agrava a inflação; a política de “emitir para financiar” é reconhecida como uma das causas do surto inflacionário.

Dica de prova: ante a palavra-chave “NÃO é correto incluir”, procure a alternativa que apresenta explicação simplista ou pouco respaldada por evidências históricas. Relacione causas macro (fiscal, externo, monetário) e descarte respostas que culpem apenas um grupo (ex.: trabalhador) sem base estrutural.

Fontes indicadas: Celso Furtado, Formação Econômica do Brasil; relatórios históricos do Banco Central do Brasil e do FMI sobre a crise da dívida externa.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo