Entre 1964 e 1985, uma ditadura civil-militar governou o Brasil. A respeito deste período é INCORRETO afirmar.

Os atentados contra a Associação Brasileira de Imprensa e a Ordem dos Advogados do Brasil (1979) e o atendado do Riocentro (1981) foram ações terroristas da linha dura militar contra o proc sso d “ b rtura l nta, gradual s gura” do governo do general Ernesto Geisel (1974-1979).

As ditaduras estabelecidas na América Latina – Brasil (1964-1985), Argentina (1976-83), Chile (1973-90) e Uruguai (1973-85), entre outras – precisaram lidar com a permanente oposição do governo dos Estados Unidos.

Os setores empresariais, civis e militares que se opunham ao governo de Getúlio Vargas (1951-1954) também estiveram presentes no golpe que destituiu João Goulart do governo, em 1964. Neste sentido, é correto afirmar que o suicídio de Vargas adiou por uma década o golpe que instalou uma ditadura civil-miliar no Brasil.

Durante as décadas de 1970 e 1980, com apoio da CIA (EUA), os regimes ditatoriais da América do Sul (Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai) estabeleceram uma aliança político-militar – a “Op ração ondor” – que tinha como objetivo coordenar a repressão a opositores dessas ditaduras e eliminar lideranças de esquerda instaladas nos países do Cone Sul.

Embora a violência da ditadura civil-militar presente desde 1964, o Ato Institucional nº 5 (1968) marcou a ascensão da linha dura militar. Com o AI-5, entre outras medidas, foi suspenso o habeas corpus por crimes políticos e entrou em ação um sofisticado sistema de repressão executado por órgãos clandestinos como a Operação Bandeirantes (Oban), financiada por banqueiros e empresários, e responsável pela tortura, morte e desaparecimento de opositores do regime.

Gabarito comentado

Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Gabarito: Alternativa B

Tema central: o período da ditadura civil‑militar no Brasil (1964‑1985): repressão política, ações da “linha dura” e a política internacional durante a Guerra Fria. Conhecimentos úteis: Ato Institucional nº 5 (1968), processo de abertura (Geisel), organismos de repressão (OBAN/DOI‑CODI), Operação Condor e o papel dos EUA (documentos desclassificados, CNV).

Por que a alternativa B é incorreta? Ela afirma que as ditaduras latino‑americanas “precisaram lidar com a permanente oposição do governo dos Estados Unidos”. Isso está errado: na maior parte do período a política dos EUA foi de apoio ou cooperação com regimes autoritários anticomunistas na região (inclusive fornecendo apoio político, técnico e de inteligência em vários momentos), não de “permanente oposição”. Fontes: Relatório da Comissão Nacional da Verdade (2014); documentos da National Security Archive sobre apoio norte‑americano às ditaduras e à Operação Condor.

Análise das demais alternativas (por que são corretas):

A: Correta — atentados contra ABI/OAB (1979) e a bomba no Riocentro (1981) são atribuídos à linha dura militar como tentativas de sabotar a abertura política de Geisel e desacreditar a oposição (caso Riocentro investigado e reconhecido como atentado praticado por militares).

C: Correta — setores civis, empresariais e militares contrários a Vargas (1951‑54) também participaram do movimento de 1964. A interpretação de que o suicídio de Vargas (1954) postergou o golpe por cerca de uma década é uma síntese aceitável: sua morte dispersou o conflito imediato, adiando rupturas maiores até a crise de 1963‑64.

D: Correta — a Operação Condor foi uma aliança repressiva entre ditaduras do Cone Sul para perseguir e eliminar opositores; há evidências de que a CIA e agências dos EUA tiveram conhecimento e forneceram apoio em diferentes graus (veja documentos desclassificados e estudos do National Security Archive).

E: Correta — o AI‑5 (13/12/1968) marcou o endurecimento do regime: suspensão de garantias e habeas corpus para crimes políticos; OBAN, financiada por empresários e com participação de setores militares, foi vinculada a práticas de tortura, prisões e desaparecimentos (relato extenso no relatório da CNV e em historiografia como Elio Gaspari).

Dica de prova: fique atento a termos absolutos (ex.: “permanente oposição”, “sempre”, “nunca”). Verifique o contexto internacional (Guerra Fria) e busque eventos/chaves (AI‑5, Geisel, Riocentro, Operação Condor) para conectar alternativas à historiografia e a fontes primárias/desclassificadas.

Fontes recomendadas: Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade (2014); Elio Gaspari, série “A Ditadura”; National Security Archive (documentos sobre Operação Condor e apoio dos EUA).

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