As transformações que vinham se processando na economia agrária brasileira a partir da segunda metade do século XIX, principalmente aquelas relacionadas à lavoura do café, contribuíram para a crise do escravismo.

No que concerne a essa questão, pode–se afirmar corretamente que

Alternativa correta: B

Tema central: as mudanças na economia agrária — sobretudo a expansão da cafeicultura no Sudeste a partir da 2ª metade do séc. XIX — e suas implicações para a crise do sistema escravista. É preciso relacionar transformações econômicas (mercado internacional, investimento em máquinas e transportes), demográficas (fim do tráfico, imigração) e legais (Lei Eusébio, 1850; Lei do Ventre Livre, 1871; Lei dos Sexagenários, 1885; Lei Áurea, 1888).

Resumo teórico: a crise do escravismo foi multifatorial: 1) proibição do tráfico negreiro (1850) e envelhecimento/escassez da população escrava; 2) pressões econômicas para maior produtividade e redução de custos; 3) entrada gradual de trabalho assalariado e de imigrantes europeus no trabalho rural; 4) pressões abolicionistas e mudanças políticas. A substituição por trabalho assalariado ocorreu de forma lenta e localizada, principalmente nas áreas cafeeiras do Sudeste, sem equacionar imediatamente a totalidade do problema.

Justificativa da alternativa B: afirmar que a introdução do trabalho assalariado foi um dos fatores que contribuíram para a crise do escravismo e que sua inserção foi lenta está de acordo com a historiografia. O proprietário cafeeiro, frente à escassez e ao custo crescente de mão de obra escrava, começou a recorrer a trabalhadores livres (imigrantes e nacionais), contratos de colonato e formas mistas de contratação — processo gradual, sem substituição imediata do escravo por assalariado.

Por que as outras alternativas estão incorretas:

A: incorreta — o meio rural cresceu, mas não “desarticulou as cidades”; as cidades também cresceram e a urbanização avançou. Além disso, o trabalho assalariado no campo não se impôs rapidamente como a regra nacional.

C: incorreta — a modernização citada não significou predominância de pequenas propriedades; a cafeicultura era, em geral, baseada em grandes fazendas (latifúndios) que inicialmente tentaram manter a escravidão.

D: incorreta — não houve reconhecimento generalizado de “direitos dos escravos” nem consenso dos proprietários sobre pagar salários; a abolição resultou de pressão social, política e econômica, não de ampla concordância dos fazendeiros.

Dica de interpretação: fique atento a termos absolutos (consenso, fundamental, predominância) — eles costumam indicar erro. Conecte sempre a alternativa às leis e aos dados do período (tráfico, imigração, leis abolicionistas) para avaliar veracidade.

Fontes e leituras recomendadas: leis citadas (Eusébio de Queirós 1850; Ventre Livre 1871; Sexagenários 1885; Lei Áurea 1888) e obras de referência como Emília Viotti da Costa e Boris Fausto sobre escravidão e abolição.

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