Questão 59620169-d8
Prova:PUC - SP 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Do romance A Cidade e as Serras, escrito por Eça de Queiroz, pode-se afirmar que

A
é um romance pós-realista porque, marcado pela desilusão e pelo abandono dos ideais realistas, volta-se para outros valores como o nacionalismo e a vida pura do campo.
B
é um romance romântico porque, valorizando os feitos de um herói nacional, destaca a natureza e a paisagem portuguesa em oposição à sedução da cidade e sua civilização tecnológica.
C
é uma obra de análise crítica ao apego exagerado às tecnologias da época, entendidas como índice de felicidade e civilização, mas rejeitadas pelo protagonista Jacinto, ao longo do romance.
D
é um romance de tese e psicológico, de viés subjetivo, uma vez que, narrado em primeira pessoa, esboça o mundo interior de Jacinto em oposição ao de José Fernandes.

Gabarito comentado

S
Sandra SilvaMonitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de texto literário, com ênfase em análise crítica do conteúdo e reconhecimento do movimento literário associado à obra.

Justificativa da alternativa correta (C):
A alternativa C está correta porque identifica o propósito principal de A Cidade e as Serras: questionar o ideal de felicidade ligado ao progresso tecnológico no final do século XIX. Jacinto, o protagonista, torna-se símbolo da decepção com as máquinas e inovações urbanas — inicialmente vistas como sinais de “civilização”. Seu retorno à vida campestre representa a rejeição dessa visão e uma busca por valores mais autênticos e naturais, coerente com a crítica social do autor.

De acordo com Bechara (2009) e Cunha & Cintra (2013), interpretar textos implica identificar tanto ideias explícitas quanto mensagens subentendidas. No caso desta obra, a crítica à alienação tecnológica e o contraste entre o urbano e o rural são centrais.

Análise das alternativas incorretas:

A) Pós-realista e nacionalismo: “Pós-realismo” não é classificação precisa para a obra, nem o nacionalismo é seu grande foco. Há valorização do campo, porém a intenção do autor é criticar o excesso de confiança no progresso, não exaltar o nacionalismo (Cunha & Cintra).

B) Romantismo e feito heroico nacional: A obra é realista, não romântica. Não há herói nacional; a ênfase está no indivíduo comum e nas contradições da vida moderna, conforme aponta a crítica literária.

D) Romance de tese psicológico subjetivo: “A Cidade e as Serras” é narrado em primeira pessoa, mas objetiva em seu tom. Não adere ao subjetivismo psicológico, sendo clara a crítica social direta do Realismo.

Estratégias de interpretação: Sempre identifique palavras-chave (ex: “crítica”, “progresso tecnológico”, “felicidade”, “rejeitadas”) e relacione-as ao contexto histórico e literário da obra. Cuidado com termos imprecisos ou classificações literárias equivocadas, comuns em pegadinhas de prova.

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