O trecho, extraído de um romance angolano, refere-se
à luta do Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA), na década de 1970, pela independência de
Angola. Nessa obra de ficção, aparecem diversos
temas presentes nesse conflito. Entre eles,
“Virou-se para Teoria. Este ainda não dormia. Sem
Medo segredou-lhe:
— O que conta é a ação. Os problemas do Movimento
resolvem-se, fazendo a ação armada. A mobilização do
povo de Cabinda faz-se desenvolvendo a ação. Os
problemas pessoais resolvem-se na ação. Não uma
ação à toa, uma ação por si. Mas a ação revolucionária.
O que interessa é fazer a Revolução, mesmo que ela
venha a ser traída.”
Pepetela. Mayombe. São Paulo: Leya, 2013, p. 237
“Virou-se para Teoria. Este ainda não dormia. Sem Medo segredou-lhe:
— O que conta é a ação. Os problemas do Movimento resolvem-se, fazendo a ação armada. A mobilização do povo de Cabinda faz-se desenvolvendo a ação. Os problemas pessoais resolvem-se na ação. Não uma ação à toa, uma ação por si. Mas a ação revolucionária. O que interessa é fazer a Revolução, mesmo que ela venha a ser traída.”
Pepetela. Mayombe. São Paulo: Leya, 2013, p. 237
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa A
Tema central: a obra explora a luta anticolonial em Angola (década de 1970), destacando a primazia da ação armada, as divergências entre movimentos (MPLA, FNLA, UNITA) e o personalismo de lideranças. Esse contexto faz parte da história da descolonização africana e da Guerra Fria.
Resumo teórico:
- Movimentos de libertação em Angola defenderam a ação armada como instrumento central da luta contra Portugal (ver obras literárias e análises históricas, p.ex. Pepetela, Mayombe; estudos sobre MPLA/FNLA/UNITA).
- Havia divergências políticas e regionais entre os grupos, o que dificultou saídas negociadas antes de 1974–1975.
- O personalismo — ênfase em lideranças carismáticas e decisões centralizadas — aparece em relatos de guerrilha e ficção que dramatiza conflitos internos.
Justificativa da alternativa A:
A sintetiza corretamente elementos apresentados no trecho: ênfase na ação armada (“O que conta é a ação”), a ideia de que problemas do Movimento se resolvem pela ação (sinal de priorização do combate em detrimento de negociação) e menção indireta a conflitos internos e a personalismos — tudo compatível com a história do MPLA e com a representação literária em Mayombe.
Análise das alternativas incorretas:
B — Fala em “apoio da comunidade internacional” e “articulação das tribos”; embora haja apoio estrangeiro na Guerra Fria, a formulação sugere unidade e articulação tribal que não correspondem à divisão entre MPLA, FNLA e UNITA; também exagera a posição portuguesa quanto a reformas políticas.
C — Contradiz o texto: o trecho promove a ação armada e não o abandono da luta, nem um “diálogo ininterrupto” com Portugal; a opção é incompatível com o espírito do trecho.
D — Afirma aliança com “fascistas portugueses” (errônea: os movimentos combateram o regime colonial) e “unidade dos grupos”; na prática, havia rivalidade entre organizações, não unidade plena.
Dica de interpretação:
- Procure palavras-chave no enunciado (aqui: ação armada, mobilização, traída) e elimine alternativas que conflitam diretamente com esses termos.
- Verifique coerência histórica: conheça os atores (MPLA, FNLA, UNITA) e as linhas gerais da descolonização angolana para não ser levado por opções que parecem plausíveis, mas são imprecisas.
Fontes sugeridas: Pepetela, Mayombe (ficção com base histórica); estudos sobre a descolonização angolana e o papel do MPLA (p.ex. trabalhos de John A. Marcum e manuais de História Contemporânea).
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