Ainda sobre o texto 4, assinale a alternativa que melhor
explica o uso das palavras marido e esposa no trecho: “(...)
não indicam que tenha aumentado a correlação entre a
escolaridade do marido e a da esposa.”
Texto 4
Os dados da PNAD, de 1995 a 2015, não indicam que
tenha aumentado a correlação entre a escolaridade do
marido e a da esposa. Pelo contrário, todas as medidas de
associação calculadas são menores em 2015 do que em
1995, coerentemente com resultados anteriores de Silva
(2003) e Ribeiro e Silva (2009). Se, para períodos mais
longos, for verdade que essa correlação cresceu, isso não
permite afirmar que os casamentos, no Brasil, estão
ocorrendo cada vez mais entre pessoas de status
socioeconômico semelhante, pois há um século os
preconceitos então vigentes determinavam que as
mulheres, em geral, não demandassem escolarização.
Apenas mais recentemente é que se pode considerar que
a escolaridade das mulheres reflete melhor seu status
socioeconômico. Ao longo das décadas, a escolaridade
média das mulheres cresceu mais do que a dos homens e,
no Brasil, a partir da década de 1990, as mulheres
passaram a ter escolaridade superior à dos homens.
Durante todo o período 1995-2015, a razão de
concentração do rendimento de esposas permaneceu
substancialmente acima do índice de Gini, mostrando que
essa parcela da RDPC [renda domiciliar per capita] é
regressiva, isto é, contribui, em cada ano, para elevar a
desigualdade da RDPC. Mas ao longo do período essa
razão de concentração diminuiu, de maneira que o
rendimento das esposas contribuiu para a redução da
desigualdade da RDPC observada nos dados da PNAD.
Verifica-se que esse efeito positivo do rendimento das
esposas, contribuindo para reduzir a desigualdade, é
resultado de um efeito composição negativo e um efeito
concentração positivo e de maior valor absoluto. O efeito
composição é negativo porque essa parcela é regressiva e
sua participação na RDPC aumentou. O forte efeito
concentração positivo resulta da soma de dois efeitos
positivos: o efeito desigualdade (devido à redução do
índice de Gini da distribuição do valor per capita do
rendimento das esposas) e o efeito correlação (graças à redução da correlação de Gini do valor per capita do
rendimento das esposas em relação à RDPC).
(Rodolfo Hoffmann, Como mulheres e homens contribuem para a
desigualdade da renda domiciliar per capita no Brasil. Economia e
sociedade, v. 28, n. 3, p. 821-854, set. 2019.)
Texto 4
Os dados da PNAD, de 1995 a 2015, não indicam que tenha aumentado a correlação entre a escolaridade do marido e a da esposa. Pelo contrário, todas as medidas de associação calculadas são menores em 2015 do que em 1995, coerentemente com resultados anteriores de Silva (2003) e Ribeiro e Silva (2009). Se, para períodos mais longos, for verdade que essa correlação cresceu, isso não permite afirmar que os casamentos, no Brasil, estão ocorrendo cada vez mais entre pessoas de status socioeconômico semelhante, pois há um século os preconceitos então vigentes determinavam que as mulheres, em geral, não demandassem escolarização. Apenas mais recentemente é que se pode considerar que a escolaridade das mulheres reflete melhor seu status socioeconômico. Ao longo das décadas, a escolaridade média das mulheres cresceu mais do que a dos homens e, no Brasil, a partir da década de 1990, as mulheres passaram a ter escolaridade superior à dos homens. Durante todo o período 1995-2015, a razão de concentração do rendimento de esposas permaneceu substancialmente acima do índice de Gini, mostrando que essa parcela da RDPC [renda domiciliar per capita] é regressiva, isto é, contribui, em cada ano, para elevar a desigualdade da RDPC. Mas ao longo do período essa razão de concentração diminuiu, de maneira que o rendimento das esposas contribuiu para a redução da desigualdade da RDPC observada nos dados da PNAD. Verifica-se que esse efeito positivo do rendimento das esposas, contribuindo para reduzir a desigualdade, é resultado de um efeito composição negativo e um efeito concentração positivo e de maior valor absoluto. O efeito composição é negativo porque essa parcela é regressiva e sua participação na RDPC aumentou. O forte efeito concentração positivo resulta da soma de dois efeitos positivos: o efeito desigualdade (devido à redução do índice de Gini da distribuição do valor per capita do rendimento das esposas) e o efeito correlação (graças à redução da correlação de Gini do valor per capita do rendimento das esposas em relação à RDPC).
(Rodolfo Hoffmann, Como mulheres e homens contribuem para a
desigualdade da renda domiciliar per capita no Brasil. Economia e
sociedade, v. 28, n. 3, p. 821-854, set. 2019.)