Estudos científicos recentes comprovam que grupos
sociais primitivos desenvolveram processos
cognitivos inferiores aos processos lógicos
empregados em sociedades complexas.
“Já foi o tempo em que se admitia existirem sistemas
culturais lógicos e sistemas culturais pré-lógicos. LevyBruhl, em seu livro A mentalidade primitiva, admitia
mesmo que a humanidade podia ser dividida entre
aqueles que possuíam um pensamento lógico e os que
estavam numa fase pré-lógica. Tal afirmação não
encontrou, por parte dos pesquisadores de campo,
qualquer confirmação empírica. Todo sistema cultural
tem a sua própria lógica e não passa de um ato primário
de etnocentrismo tentar transferir a lógica de um sistema
para outro. Infelizmente, a tendência mais comum é de
considerar lógico apenas o próprio sistema e atribuir aos
demais um alto grau de irracionalismo.” (LARAIA,
Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p. 87).
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre
o conceito de cultura, assinale o que for correto.
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre o conceito de cultura, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Resposta: E — Errado
Por quê? A afirmação apresenta um argumento etnocêntrico e incompatível com a antropologia contemporânea. Não há comprovação científica de que “grupos sociais primitivos” tenham processos cognitivos inferiores. O texto de apoio (Laraia) ressalta que todo sistema cultural tem sua própria lógica interna e que é erro transferir a lógica de um sistema para outro.
Resumo teórico: o conceito moderno de cultura entende práticas, valores e conhecimentos como sistemas coerentes e adaptados a contextos específicos. Autores clássicos (p.ex. Franz Boas, Bronislaw Malinowski) e obras críticas a Lévy-Bruhl mostram que a ideia de “mentalidade pré-lógica” é fruto de interpretação evolucionista/etnocêntrica, não de evidência empírica. Veja também: Laraia, R. de B. (2003), Cultura: um conceito antropológico.
Leitura da alternativa — estratégia prática:
- Atente para termos absolutos: “comprovam”, “inferiores”, “primitivos” — sinal de generalização indevida.
- Pergunte: há evidência científica que compare permanentemente capacidades cognitivas humanas por culturas? Não — diferenças são contextuais e culturais.
- Desconfie de enunciados que reproduzem hierarquias culturais; procure no texto apoio a relativismo cultural.
Análise didática rápida: A alternativa mistura uma concepção ultrapassada (Lévy-Bruhl) com uma alegação de “estudos recentes” que, na realidade, corroboram igualdade básica das capacidades cognitivas humanas e mostram diversidade de saberes. Logo, a alternativa é errada.
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