O futebol desperta as massas para uma adesão
incondicional e um consumo compulsivo dos
produtos anunciados pela publicidade feita por
grandes marcas que financiam os jogos da Copa do
Mundo.
“De quatro em quatro anos, durante a realização da Copa
do Mundo de Futebol, o Brasil praticamente pára diante
da televisão, quando são batidos recordes de audiência.
Além de gerar grande audiência televisiva, a Copa do
Mundo gera um sentido daquilo que Durkheim chamou
de ‘efervescência coletiva’ – isto é, ela nos faz sentir
parte integrante de algo maior do que nós mesmos: a
Seleção Brasileira, a Confederação Brasileira de Futebol,
a própria sociedade brasileira. Por alguns dias, torcedores
entusiastas transcendem suas preocupações cotidianas e
experimentam grande prazer ao compartilhar os
sentimentos e os valores de uma coletividade mais ampla.
Em seu fervor, acabam banindo sentimentos acerca de
sua própria finitude e têm um pequeno vislumbre da
eternidade à medida que imergem em instituições que
sobreviverão a eles e em feitos atléticos que serão
lembrados por gerações futuras.” (BRYM, Robert J. et al.
Sociologia: sua bússula para um novo mundo. São Paulo:
Cengage Learning, 2009, p. 395).
Considerando o texto e seus conhecimentos sobre o tema
identidades culturais, assinale o que for correto.
Considerando o texto e seus conhecimentos sobre o tema identidades culturais, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Errado
Tema central: identidade cultural e efervescência coletiva (Durkheim). A questão exige distinguir entre o fenômeno simbólico/ritual do futebol e uma explicação puramente econômica ou determinista sobre consumo publicitário.
Resumo teórico sucinto: Durkheim identifica rituais coletivos como produtivos de solidariedade e sentimento de pertencimento — é isso que o conceito de efervescência coletiva enfatiza. Autores contemporâneos (ex.: Brym et al., 2009) usam esse quadro para explicar como eventos esportivos reforçam identidades culturais. Por outro lado, teóricos como Bourdieu (A Distinção) e Stuart Hall mostram que consumo e identidade são mediados por classe, representação e negociação simbólica — não há adesão automática.
Por que a alternativa é errada:
- Afirmação absoluta: termos como “adesão incondicional” e “consumo compulsivo” são excessivos. O texto enfatiza sentimento coletivo e transcendência simbólica, não determinação econômica total.
- Ignora agência e diversidade: torcedores têm motivações múltiplas (identidade, lazer, tradição); nem todos respondem de forma homogênea à publicidade.
- Confunde correlação com causalidade: a Copa atrai grande audiência e é objeto de investimento publicitário, mas isso não implica que o futebol “desperta as massas” para um consumo irracional e universal.
- Teoria crítica aponta mediação social: influência publicitária existe, porém seu efeito depende de classe, habitus e processos culturais (Bourdieu) — o consumo não é automático.
Dica de prova: procure palavras absolutas (sempre, incondicional, compulsivo). Se a afirmativa reduz um fenômeno complexo (identidade, ritual, mídia, mercado) a uma causa única e universal, é candidata a ERRADO.
Fontes úteis: Émile Durkheim — As Formas Elementares da Vida Religiosa; Brym et al., Sociologia (2009); Pierre Bourdieu — A Distinção; Stuart Hall — textos sobre identidade cultural.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






