Somente os torcedores compartilham de sentimentos
e valores de coletividade numa partida de futebol,
portanto o futebol é um fenômeno próprio das
comunidades e não das sociedades.
“De quatro em quatro anos, durante a realização da Copa
do Mundo de Futebol, o Brasil praticamente pára diante
da televisão, quando são batidos recordes de audiência.
Além de gerar grande audiência televisiva, a Copa do
Mundo gera um sentido daquilo que Durkheim chamou
de ‘efervescência coletiva’ – isto é, ela nos faz sentir
parte integrante de algo maior do que nós mesmos: a
Seleção Brasileira, a Confederação Brasileira de Futebol,
a própria sociedade brasileira. Por alguns dias, torcedores
entusiastas transcendem suas preocupações cotidianas e
experimentam grande prazer ao compartilhar os
sentimentos e os valores de uma coletividade mais ampla.
Em seu fervor, acabam banindo sentimentos acerca de
sua própria finitude e têm um pequeno vislumbre da
eternidade à medida que imergem em instituições que
sobreviverão a eles e em feitos atléticos que serão
lembrados por gerações futuras.” (BRYM, Robert J. et al.
Sociologia: sua bússula para um novo mundo. São Paulo:
Cengage Learning, 2009, p. 395).
Considerando o texto e seus conhecimentos sobre o tema
identidades culturais, assinale o que for correto.
Considerando o texto e seus conhecimentos sobre o tema identidades culturais, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Errado
Tema central: identidades culturais e a ideia durkheimiana de efervescência coletiva, que mostra como rituais públicos (como a Copa) produzem sentimento de pertença além de grupos restritos.
Resumo teórico (claro e progressivo): Para Durkheim, rituais coletivos geram uma "consciência coletiva" — crenças e sentimentos compartilhados que vinculam indivíduos a uma totalidade social (Durkheim, The Elementary Forms of Religious Life, 1912). Benedict Anderson (Imagined Communities, 1983) explica que nações são construções simbólicas partilhadas por grandes coletivos, mediadas por meios culturais e de comunicação. Portanto, eventos esportivos massivos contribuem para identidades nacionais e culturais, não se limitando apenas a pequenos grupos de torcedores.
Por que a afirmação é ERRADA: a sentença diz que "somente os torcedores compartilham sentimentos e valores" e que, por isso, o futebol seria fenômeno das comunidades e não das sociedades. Isso falha em dois pontos:
- Reduz a participação social ao círculo dos torcedores, ignorando a circulação simbólica pela mídia, Estado e instituições (praças públicas, transmissões, campanhas corporativas) que envolvem amplos segmentos da sociedade.
- Confunde "comunidade" (relações face a face, Tönnies) com "sociedade" (estruturas amplas e institucionais). O fenômeno futebolístico age em níveis comunitários e societais: cria rituais locais e sentidos de nação e identidade coletiva em escala nacional.
Exemplo prático: em dias de Copa, ruas vazias, transmissões em praças e adesivação em instituições públicas mostram que a experiência atravessa camadas sociais — trabalhadores, instituições e atores econômicos participam do sentido coletivo, nem todos precisam ser torcedores fanáticos.
Referências breves: Durkheim (1912); Anderson (1983); Brym et al. (2009) — todos sustentam que práticas culturais massivas produzem identidades coletivas amplas.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






