Questão 5443d364-dd
Prova:UEM 2010
Disciplina:Sociologia
Assunto:Cultura e sociedade, Cultura e identidade nacional

Somente os torcedores compartilham de sentimentos e valores de coletividade numa partida de futebol, portanto o futebol é um fenômeno próprio das comunidades e não das sociedades.

“De quatro em quatro anos, durante a realização da Copa do Mundo de Futebol, o Brasil praticamente pára diante da televisão, quando são batidos recordes de audiência. Além de gerar grande audiência televisiva, a Copa do Mundo gera um sentido daquilo que Durkheim chamou de ‘efervescência coletiva’ – isto é, ela nos faz sentir parte integrante de algo maior do que nós mesmos: a Seleção Brasileira, a Confederação Brasileira de Futebol, a própria sociedade brasileira. Por alguns dias, torcedores entusiastas transcendem suas preocupações cotidianas e experimentam grande prazer ao compartilhar os sentimentos e os valores de uma coletividade mais ampla. Em seu fervor, acabam banindo sentimentos acerca de sua própria finitude e têm um pequeno vislumbre da eternidade à medida que imergem em instituições que sobreviverão a eles e em feitos atléticos que serão lembrados por gerações futuras.” (BRYM, Robert J. et al. Sociologia: sua bússula para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2009, p. 395).

Considerando o texto e seus conhecimentos sobre o tema identidades culturais, assinale o que for correto

C
Certo
E
Errado

Gabarito comentado

V
Vitor CarvalhoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: E — Errado

Tema central: identidades culturais e a ideia durkheimiana de efervescência coletiva, que mostra como rituais públicos (como a Copa) produzem sentimento de pertença além de grupos restritos.

Resumo teórico (claro e progressivo): Para Durkheim, rituais coletivos geram uma "consciência coletiva" — crenças e sentimentos compartilhados que vinculam indivíduos a uma totalidade social (Durkheim, The Elementary Forms of Religious Life, 1912). Benedict Anderson (Imagined Communities, 1983) explica que nações são construções simbólicas partilhadas por grandes coletivos, mediadas por meios culturais e de comunicação. Portanto, eventos esportivos massivos contribuem para identidades nacionais e culturais, não se limitando apenas a pequenos grupos de torcedores.

Por que a afirmação é ERRADA: a sentença diz que "somente os torcedores compartilham sentimentos e valores" e que, por isso, o futebol seria fenômeno das comunidades e não das sociedades. Isso falha em dois pontos:

  • Reduz a participação social ao círculo dos torcedores, ignorando a circulação simbólica pela mídia, Estado e instituições (praças públicas, transmissões, campanhas corporativas) que envolvem amplos segmentos da sociedade.
  • Confunde "comunidade" (relações face a face, Tönnies) com "sociedade" (estruturas amplas e institucionais). O fenômeno futebolístico age em níveis comunitários e societais: cria rituais locais e sentidos de nação e identidade coletiva em escala nacional.

Exemplo prático: em dias de Copa, ruas vazias, transmissões em praças e adesivação em instituições públicas mostram que a experiência atravessa camadas sociais — trabalhadores, instituições e atores econômicos participam do sentido coletivo, nem todos precisam ser torcedores fanáticos.

Referências breves: Durkheim (1912); Anderson (1983); Brym et al. (2009) — todos sustentam que práticas culturais massivas produzem identidades coletivas amplas.

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