O futebol desperta socialmente um tipo de
experiência que pode ser comparada com a
experiência religiosa. O jogo, portanto, pode ser
considerado uma espécie de evento sagrado.
“De quatro em quatro anos, durante a realização da Copa
do Mundo de Futebol, o Brasil praticamente pára diante
da televisão, quando são batidos recordes de audiência.
Além de gerar grande audiência televisiva, a Copa do
Mundo gera um sentido daquilo que Durkheim chamou
de ‘efervescência coletiva’ – isto é, ela nos faz sentir
parte integrante de algo maior do que nós mesmos: a
Seleção Brasileira, a Confederação Brasileira de Futebol,
a própria sociedade brasileira. Por alguns dias, torcedores
entusiastas transcendem suas preocupações cotidianas e
experimentam grande prazer ao compartilhar os
sentimentos e os valores de uma coletividade mais ampla.
Em seu fervor, acabam banindo sentimentos acerca de
sua própria finitude e têm um pequeno vislumbre da
eternidade à medida que imergem em instituições que
sobreviverão a eles e em feitos atléticos que serão
lembrados por gerações futuras.” (BRYM, Robert J. et al.
Sociologia: sua bússula para um novo mundo. São Paulo:
Cengage Learning, 2009, p. 395).
Considerando o texto e seus conhecimentos sobre o tema
identidades culturais, assinale o que for correto.
Considerando o texto e seus conhecimentos sobre o tema identidades culturais, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa C — Certo
Tema central: A questão mobiliza o conceito de efervescência coletiva (Durkheim) e a ideia de que eventos sociais — como a Copa do Mundo — produzem experiências coletivas que aproximam-se, em efeito sociológico, da experiência religiosa.
Resumo teórico: Em As Formas Elementares da Vida Religiosa (1912), Émile Durkheim explica que a religião cria distinções entre o sagrado e o profano por meio de rituais que geram efervescência coletiva: forte emoção compartilhada que reforça laços sociais e símbolos coletivos. Autores contemporâneos (p.ex. Victor Turner sobre communitas) ampliam a noção: cerimônias e rituais — mesmo não religiosos — podem produzir experiências de união e transcendência. A fonte do enunciado (BRYM et al., Sociologia, 2009) usa exatamente esse referencial.
Justificativa da alternativa correta: O enunciado afirma que o futebol provoca uma experiência comparável à religiosa e qualifica o jogo como “uma espécie de evento sagrado”. Sociologicamente, isso é aceitável: partidas geram rituais (hino, torcida, ídolos, símbolos nacionais), emoções coletivas e sensação de pertença a algo maior — características centrais do sagrado segundo Durkheim. Logo, afirmar que o futebol pode ser comparado à experiência religiosa é coerente com a teoria sociológica; por isso a alternativa C é correta.
Análise da alternativa incorreta (E): Dizer “Errado” ignora evidências teóricas e empíricas de que práticas seculares podem desempenhar funções simbólicas e coesivas próprias do religioso. Observação importante: a comparação é analógica — o futebol não é uma religião institucional no sentido estrito, mas pode funcionar socialmente como um evento que cria sacralidade simbólica.
Dica de prova: Procure termos-chave no enunciado (p.ex. “efervescência coletiva”, “parte integrante de algo maior”) e relacione com autores clássicos (Durkheim) antes de decidir; cuidado com interpretações literais que neguem a natureza analógica da comparação.
Fontes: É. Durkheim, The Elementary Forms of Religious Life (1912); BRYM et al., Sociologia: sua bússula para um novo mundo (2009).
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