Os países em desenvolvimento, por não possuírem
grandes indústrias de tecnologia de informação e
comunicação, conseguem preservar a diversidade
cultural de seus povos.
“Todos reconhecem que a globalização econômica e
financeira, e principalmente o progresso das tecnologias
de informação e de comunicação, ao facilitar a circulação
dos bens e serviços culturais, favorece o contato e o
intercâmbio entre as culturas. Isso não representa um
problema em si, já que a cultura, assim como a
identidade, é construída na interação. O problema é que
essa interação tem acontecido de maneira profundamente
desigual, com um fluxo de bens e serviços culturais
direcionado principalmente dos países desenvolvidos
para os países em desenvolvimento. O exemplo mais
visível desse desequilíbrio é a oferta de filmes no mundo,
pois as grandes produtoras cinematográficas são norteamericanas e detêm algo como 90% do mercado mundial
do audiovisual (filmes e programas para televisão).”
(DUPIN, Giselle. Para entender a Convenção. Revista
Observatório Itaú Cultural, n. 8, abr./jul. 2009, p. 13).
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre
o tema cultura midiática, assinale o que for correto.
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre o tema cultura midiática, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Errado
Tema central: cultura midiática e globalização cultural — envolve como os fluxos de bens e serviços culturais (filmes, TV, plataformas digitais) são distribuídos globalmente e como isso afeta diversidade e identidades culturais.
Resumo teórico (claro e progressivo): a literatura sobre cultura e mídia aponta desigualdade nos fluxos culturais: concentrações industriais e estruturas econômicas favorecem produtores de países desenvolvidos (fenômeno às vezes chamado de imperialismo cultural). Ao mesmo tempo, teorias contemporâneas (Appadurai; Tomlinson) reconhecem possibilidade de hibridação cultural e de novos circuitos via tecnologias digitais. A Convenção da UNESCO sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (2005) trata exatamente dessa assimetria e da necessidade de políticas públicas para proteger a diversidade cultural.
Por que a afirmação é errada?
- A frase estabelece uma relação causal e generalizante: "por não possuírem grandes indústrias de TIC, conseguem preservar a diversidade cultural". Essa ligação não é sustentada empiricamente nem teoricamente.
- Na prática, a ausência de grandes indústrias de TIC tende a aumentar a dependência de conteúdo importado, favorecendo a uniformização cultural, não a preservação. Ex.: domínio de produções audiovisuais internacionais que substituem produções locais.
- A preservação da diversidade cultural depende de políticas públicas, regulação (quotas, incentivos), produção local e acesso às tecnologias — não apenas da falta de indústria.
- Além disso, tecnologias de informação podem tanto ameaçar quanto ampliar a diversidade: plataformas digitais permitem produção e difusão local e nichos culturais, contrariando a ideia de que ausência de indústria garante preservação.
Estratégia para resolver questões assim (pegadinhas comuns):
- Desconfie de afirmações causais simples e de generalizações absolutas ("por não..., conseguem...").
- Pergunte: quais fatores estruturais (econômicos, políticos, tecnológicos) foram considerados? A sentença isola uma variável importante demais.
Fontes e leituras recomendadas: Convenção da UNESCO (2005) sobre diversidade cultural; Arjun Appadurai, "Disjuncture and Difference in the Global Cultural Economy"; estudos sobre imperialismo cultural e políticas culturais nacionais.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






