Atire o primeiro cabide a mulher que nunca entrou em um provador e se sentiu a última das
mortais ao perceber que só cabe em um número duas vezes maior do que o que costumava
usar ou, pior, não cabe em nenhum tamanho existente na loja. A calça 42, que sempre caiu tão
bem, não fecha. A camiseta M, que antes servia, empaca no meio do caminho. Não se trata
de um processo de aumento de peso coletivo – são as roupas que estão encolhendo. Esse
encolhimento faz parte de uma estratégia para valorizar as grifes, baseada no princípio de que
é melhor não vender uma calça de cintura baixa do que vendê-la a alguém que tem dobras na
barriga. Segundo esse raciocínio, ter a roupa exposta em quem não a valoriza pega mal para
a imagem da marca. O resultado é que os tamanhos maiores vão sumindo e os que ficam são
reduzidos. Traduzindo: algumas roupas não caem bem em quem não está em forma, e não tem
choro. Se quiser vesti-las, emagreça.
MOHERDAUI, B. Cheinhas e sem grife. Disponível em: https://veja.abril.com.br. Acesso em: 25 jul. 2011(adaptado).
O padrão de tamanho para as roupas exige um corpo considerado “em forma”. Em função disso
ocorrem mudanças de hábitos corporais, como dietas e uso de medicamentos para emagrecer,
que podem trazer prejuízos à saúde. Nessa perspectiva, cabe ao consumidor
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de texto, com foco em coerência e leitura crítica. O candidato precisa compreender a ideia principal e a tese defendida no texto: a crítica ao padrão corporal imposto por algumas grifes e à exclusão de corpos que não se enquadram nesses padrões.
Justificativa da alternativa correta (D): O texto expõe, de forma crítica, que as marcas reduzem tamanhos de roupas para valorizar sua imagem, excluindo quem não se ajusta ao chamado "corpo em forma". Ele sugere que a postura esperada do consumidor é de respeito aos próprios limites e de análise crítica das estratégias das grifes. A alternativa D, ao afirmar que o consumidor deve “respeitar os limites e as possibilidades do próprio corpo, analisando criticamente as estratégias de vendas das grifes e a imagem das marcas”, expressa com precisão essa leitura crítica, conforme preceituam autores como Marcuschi e Bechara, que defendem que a interpretação deve buscar o sentido global e as intenções do autor do texto.
Análise das alternativas incorretas:
A) Propõe que o consumidor se esforce para emagrecer e se enquadrar aos padrões. Essa postura não corresponde à crítica presente no texto, pois reforça exatamente o que é problematizado no enunciado.
B) Sugere que o consumidor deve ver o padrão de tamanho como incentivo à perda de peso e aderir à moda. O texto não apoia essa ideia de adaptação forçada aos padrões, mas sim a análise de seus efeitos negativos.
C) Afirma que o padrão é justificativa para aumento de peso coletivo e valorização da marca. Há, aqui, um desvio do sentido original do texto: não se fala de "aumento de peso coletivo", mas, sim, das estratégias que excluem partes da população.
Elementos centrais para acertar a questão:
- Identificar a crítica social implícita no texto.
- Observar palavras-chave como “estratégia”, “valorizar as grifes”, “impor padrões”.
- Ler além do literal, buscando implicações sociais e comportamentais sugeridas pelo autor.
Estratégia para provas: Sempre questione se uma alternativa apenas repete o padrão criticado pelo texto (pegadinha comum) ou se propõe um olhar crítico e reflexivo, como pede o comando da questão.
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