Questão 518df962-b1
Prova:UEMG 2010
Disciplina:História
Assunto:República Oligárquica - 1889 a 1930, História do Brasil, Brasil Monárquico – Segundo Reinado 1831- 1889

A partir do que foi dito e do contexto que possibilitou a Proclamação da República no Brasil, assinale a alternativa que apresenta CORRETAMENTE a incoerência histórica entre o texto acima e os acontecimentos que culminaram no 15 de novembro de 1889.

Leia o trecho do documento abaixo:


“A data de hontem vae ficar assignalada na historia. Extraordinario movimento agitou a população fluminense, desde o romper do dia. O espanto, a surpreza e a ansiedade - eis o que se notava em todos os olhares; em todas as physionomias. O povo invadiu as ruas e praças em busca de noticias sabendo então que o exercito tinha se declarado abertamente em opposição ao ministerio.”

EPISODIOS DA PROCLAMAÇÃO DA REPUBLICA NARRADOS POR UM JORNAL DO DIA 16 DE NOVEMBRO DE 1889. Publicado na Folha da Manhã, quarta-feira, 15 de Novembro de 1939


As fontes históricas não podem ser tomadas como verdade absoluta e por isso demandam uma análise criteriosa do que está sendo escrito ou representado. 

A
Apesar do texto apresentar o exército como figura importante no processo de Proclamação da República, este teve uma participação secundária e sem expressão nos episódios da época.
B
O trecho apresenta a satisfação popular com a Proclamação da República mas, na realidade, a maior parte da população era favorável à manutenção do império.
C
Segundo o trecho acima, a Proclamação da República aconteceu na capital do país - Rio de Janeiro – mas, na realidade o gabinete e o imperador foram derrubados em Petrópolis, sede da residência oficial de D. Pedro II.
D
Diferentemente do que o texto apresenta, o processo da Proclamação da República no Brasil foi controlado por um pequeno grupo que não se interessava que houvesse participação popular, no episódio histórico.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: D

Tema central: a questão trata da Proclamação da República (15/11/1889) e da leitura crítica de fontes: comparar o tom do texto jornalístico (que sugere grande mobilização popular) com a realidade histórica do golpe. É preciso saber quem foram os atores principais (militares e elites civis), o contexto (crise monárquica após abolição de 1888) e como avaliar fontes posteriores e tendenciosas.

Resumo teórico e contexto: a Proclamação não foi uma revolta de massas, mas um golpe militar e político liderado por setores das Forças Armadas e por elites civis insatisfeitas. Fatores: desgaste do Império após a abolição (perda do apoio de cafeicultores e de setores conservadores), politização do Exército e atuação de líderes como Marechal Deodoro da Fonseca. A participação popular foi limitada e, em muitos casos, passiva ou simulada.

Por que a alternativa D está correta? Porque identifica a incoerência essencial: o texto sugere participação e efervescência popular, mas historicamente o processo foi controlado por um pequeno grupo militar e político que não buscava uma mobilização popular ampla. Ou seja, houve instrumentalização de imagens e manchetes; a mudança foi fruto de ação de elites e militares.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Afirma que o Exército teve papel secundário; na verdade, o Exército foi o ator decisivo no golpe. Não se pode reduzir sua participação a secundária.

B — Incorreta. Embora muitas camadas da população preferissem a ordem monárquica, a alternativa desvincula a questão central: o problema do texto não é simplesmente erro sobre “satisfação popular” em termos de opinião majoritária, mas a ideia de mobilização popular intensa. Além disso, generalizações sobre maioria popular exigem evidências que esta alternativa não apresenta.

C — Incorreta. A Proclamação ocorreu no Rio de Janeiro e os atos essenciais foram lá; a referência a Petrópolis está equivocada: D. Pedro II encontrava‑se em Petrópolis em parte do período, mas o golpe e a deposição efetiva foram articulados no Rio.

Estratégias de interpretação (dicas para concurso): procure identificar quem são os agentes do evento (massas vs. elites), cuidado com fontes tardias ou comemorativas (podem embelezar os fatos), e destaque palavras-chave do enunciado que apontam a incoerência pedida (aqui: popularidade/participação popular vs. controle por grupo restrito).

Fontes sugeridas: R.J. Barman, Citizen Emperor (sobre D. Pedro II e o fim do Império); Lilia Schwarcz & Heloisa Starling, Brasil: uma biografia; Thomas Skidmore, Brazil — for context and military role.

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