Questão 506634c4-fc
Prova:FUVEST 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A passagem final do texto II – “Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo.” – denota um elemento presente no estilo do romance, ou seja,

I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá‐lo. Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou‐me dançar uma polca, embriagar‐ me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas particulares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos.  

*ágil

II.     Meu caro crítico,
        Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo. 

Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.

A
o realismo, visto no rigor explicativo dos fatos.
B
a religiosidade, que se socorre do auxílio divino.
C
o humor, capaz de relativizar as ideias.
D
a metalinguagem, que imprime linearidade à narração.
E
a ironia, própria do discurso positivo.

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