“No Brasil, o rompimento com a metrópole portuguesa foi basicamente
uma crise dinástica e política. Muita gente morreu na luta pela
independência, mas os confrontos foram localizados e rápidos. O mais
demorado e sangrento deles ocorreu na Bahia, onde a independência
chegou quase dez meses depois do Grito do Ipiranga. É por isso que os
baianos dão menor atenção ao Sete de Setembro e comemoram, com o
entusiasmo de um carnaval fora de época, a independência em dois de
julho, data da retirada das tropas portuguesas em 1823.”
A observação foi feita pelo jornalista Jaime Klintowitz, autor de “A História do
Brasil em 50 frases”. Considere as seguintes afirmativas e assinale aquela que
não está relacionada com aquele momento histórico.
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: Independência do Brasil (1822–1824) — caráter político-dinástico, conflitos localizados (com destaque para a Bahia) e a fragilidade de um exército regular no início do Império.
Resumo teórico: A independência foi liderada pela elite agrária/urbana ligada a D. Pedro I; militarmente houve confrontos regionais (Bahia, Grão-Pará, Maranhão). O novo governo enfrentou a ausência de um exército regular, dependendo de milícias locais, voluntários e da força naval para controlar províncias resistentes. A Marinha contou com importante participação de oficiais estrangeiros, especialmente o britânico Thomas Cochrane.
Por que B é a resposta correta (não relacionada/errada)?
A alternativa B mistura fatos verdadeiros com uma afirmação incorreta decisiva. É correto que D. Pedro interveio militarmente, que faltava um exército organizado e que milícias e a Marinha foram fundamentais. O erro está na frase final: afirmar que as forças navais atuaram “sob o comando de experientes militares brasileiros”. Na prática, a Marinha que assegurou bloqueios e operações costeiras contou crucialmente com oficiais estrangeiros — notadamente Thomas Cochrane (britânico) — e outros marinheiros e oficiais vindos do exterior. Por isso a afirmativa se mostra incorreta e deve ser assinalada.
Análise das alternativas incorretas (relacionadas ao momento histórico):
A — Relacionada: refere-se ao ataque ao Convento da Lapa (Salvador) e a morte de Joana Angélica, mártir associada à resistência baiana de 1822–23.
C — Relacionada: algumas províncias resistiram e contaram com apoio de portugueses estabelecidos que permaneceram leais a Lisboa (ex.: províncias do Norte e Bahia inicialmente).
D — Relacionada: Maria Quitéria destacou‑se na campanha da Bahia, alistou‑se e foi reconhecida por seu valor; recebeu honrarias posteriores — figura histórica ligada diretamente ao conflito baiano.
E — Relacionada: D. Pedro precisou enviar forças terrestres e navais; a participação de militares estrangeiros (principalmente britânicos) é documentada.
Estratégia de prova: Em questões históricas, identifique a proposição que contém um erro factual pontual (nomes, comandos, datas). Mesmo sentenças majoritariamente verdadeiras podem ser falsas por um detalhe — foque nisso.
Fontes recomendadas: Boris Fausto, História do Brasil; Roderick J. Barman, works on early Empire; estudos sobre Thomas Cochrane e a campanha da Bahia.
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