Questão 4ecf1f4a-fd
Prova:FGV 2015
Disciplina:Atualidades
Assunto:Política, Guerras, Conflitos e Terrorismo na Atualidade


http://educacao.uol.com.br/album/2013/07/12/ paquistanesa-atacada-por-defender-educacao-discursa-na-onu.htm


A imagem retrata a jovem paquistanesa Malala Yousafzai em discurso na ONU, em julho de 2013, trajando o véu e o xale da ex-premiê do Paquistão Benazir Bhutto, assassinada em 2007 em um atentado político.


Leia trechos do discurso de Malala:


Queridos amigos, em 09 de outubro de 2012, o Talibã atirou no lado esquerdo da minha testa. Atiraram nos meus amigos também. Eles acharam que aquelas balas nos silenciariam. Mas falharam e, então, do silêncio vieram milhares de vozes. (...) O sábio ditado que diz A caneta é mais poderosa que a espada é verdadeiro. Os extremistas têm medo dos livros e das canetas. O poder da educação os assusta e eles têm medo das mulheres. (...) É por isto que eles mataram 14 estudantes inocentes no recente ataque em Quetta. E é por isto que eles matam professoras. É por isto que eles atacam escolas todos os dias: porque tiveram e têm medo da mudança, da igualdade que vamos trazer para a nossa sociedade. (...) Deixem-nos pegar nossos livros e canetas porque estas são as nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo.


http://www.ikmr.org.br/dia-malala-discurso-onu/



Com base no texto, o apelo lançado por Malala

A
simboliza a luta das meninas para frequentarem a escola em países com restrições religiosas, culturais e políticas à instrução feminina, como no caso do Paquistão, sob domínio Talibã, e da Índia, submetida à lei oficial da Sharia.
B
advoga o princípio da educação como arma contra a discriminação muçulmana das minorias étnico-religiosas curda e pachtun e como meio para pacificar a guerra civil em seu país.
C
apoia a formação militar feminina, inspirando-se no programa de Benazir Bhutto, a primeira mulher a ocupar um cargo de chefe de governo de um estado muçulmano moderno.
D
defende a educação como um dos direitos humanos básicos e como um meio para a libertação dos indivíduos de regimes e crenças excludentes e discriminatórios.
E
sustenta o protagonismo feminino de todas as mulheres e condena todas as religiões, em nome da adoção de um sistema de educação laico e igualitário no Paquistão.

Gabarito comentado

G
Giulia FernandesMonitor do Qconcursos

A imagem e o discurso de Malala Yousafzai na ONU em 2013 representam um momento emblemático na luta pela educação feminina em regiões onde ela é negada ou severamente restringida. Malala, atacada pelo Talibã por sua defesa da educação das meninas, utilizou a plataforma da ONU para ampliar sua mensagem contra a opressão e pela igualdade de acesso à educação. Este evento não só destacou a violência enfrentada por ativistas como Malala mas também reafirmou a educação como um direito humano fundamental, enfatizando o papel transformador que ela pode desempenhar em sociedades fechadas e discriminatórias.

 

Profundamente enraizado em contextos de conflito como o do Paquistão, o caso de Malala ilustra desafios similares enfrentados em várias partes do mundo onde a educação feminina é vista tanto como uma ameaça pelos regimes autoritários quanto como um vetor de mudança social pelas comunidades. Organizações internacionais como a UNESCO e a ONU têm documentado repetidamente como a educação, especialmente a feminina, traz benefícios multiplicadores para a sociedade, incluindo redução da pobreza, melhoria da saúde e fortalecimento da governança. Estas análises fornecem uma base factual que apoia a advocacia de Malala e de outros ativistas globais.

 

A) Errada. Embora Malala simbolize a luta das meninas pela educação, a afirmação mistura contextos distintos - o Paquistão, sob influência talibã, e a Índia, onde a lei da Sharia não é oficialmente aplicada em todo o país. Essa generalização é imprecisa e descontextualiza a complexidade das questões religiosas e políticas relacionadas à instrução feminina na região.

 

B) Errada. Malala foca no poder da educação como ferramenta de empoderamento e transformação social, sem se aprofundar especificamente nas questões étnico-religiosas entre curdos e pachtuns ou na guerra civil. A referência à discriminação muçulmana e à pacificação via educação distorce o principal enfoque do discurso de Malala, que é mais amplo e centrado na igualdade de acesso à educação.

 

C) Errada. Não há evidência de que Malala apoie a formação militar feminina ou que seu discurso tenha sido inspirado por programas militares de Benazir Bhutto. Essa opção cria uma conexão inexistente entre as políticas de Bhutto e as advocacias de Malala, desviando do foco em educação e direitos humanos.

 

D) Certa. Esta opção captura corretamente o essencial do discurso de Malala, que defende a educação como um direito humano básico e uma ferramenta para libertar os indivíduos de regimes e crenças opressivas. Ela articula claramente como a educação pode ser uma arma contra a ignorância, o medo e a discriminação.

 

E) Errada. Malala não condena todas as religiões nem advoga especificamente por um sistema educacional laico. Seu discurso é inclusivo, focando na educação como um direito universal, sem deslegitimar religiões per se, mas criticando a interpretação extremista que algumas facções fazem delas.

 

Malala Yousafzai no seu discurso na ONU destaca o papel crucial da educação na promoção da igualdade e na luta contra regimes opressores. Este caso ressalta a necessidade de um entendimento claro sobre as declarações e contextos para evitar interpretações errôneas que podem desviar o foco de questões críticas como a educação feminina em contextos de alta restrição. É fundamental estar atento às nuances das opções de resposta em questões de concursos, evitando armadilhas comum de generalizações e contextualizações incorretas.

 

Resposta: D

Gabarito do Professor: D

 

Referências Bibliográficas:

 

UNESCO. Education for All Global Monitoring Report. Paris: UNESCO, 2012. Disponível em: <https://en.unesco.org/gem-report/report/2012/education-transforms-lives>. Acesso em: 21 abr. 2024.

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