O autor defende a ideia de que:
Quando se conversa, deve-se evitar as
frases feitas que são verdadeiras chapas.
Exemplos: em um enterro, dizer “que não
se morre senão uma vez”, que “basta estar
vivo para morrer”, que “o morto é feliz porque deixou de sofrer”, que “Deus sabe o
que faz e escreve certo por linhas tortas” ou
que “as grandes dores são mudas”. Quando se visita um doente, não há necessidade de levar no bolso sentenças desse jaez:
“a saúde é a maior das fortunas”, “somos
nós que pagamos pelos excessos de nossos
pais” ou “a ciência, que tudo pode, ainda
não encontrou remédio para os pequenos
males”. Em todos os setores das atividades
sociais, há frases no mesmo estilo e que
convém deixar ao cuidado do Conselheiro
Acácio que nelas se esmerou.
(Marcelino de Carvalho, Guia de Boas Maneiras)
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de texto — mais especificamente, a habilidade de identificar a tese principal defendida pelo autor a respeito do uso de frases feitas (clichês) no convívio social.
Justificativa da alternativa correta — Letra E:
O texto faz uma crítica direta à utilização de frases feitas, denominadas “chapas” ou “lugares-comuns”. O autor exemplifica situações (enterro, visita a doente) em que o uso dessas expressões prontas é inadequado, reforçando que “convém deixar ao cuidado do Conselheiro Acácio que nelas se esmerou” — ou seja, são frases artificiais, desprovidas de originalidade e de efeito verdadeiro na comunicação.
Logo, a alternativa E, ao afirmar que “deve-se poupar o próximo de exemplos do repertório de lugares comuns”, está perfeitamente alinhada à ideia principal do texto, resumindo seu posicionamento: evitar clichês e demonstrar maior autenticidade nas interações sociais.
Análise das alternativas incorretas:
A) Erra ao sugerir confiança em quem se esmera em frases delicadas. O texto condena o uso de frases feitas, não elogia quem as utiliza, nem confere valor a esse tipo de esmero.
B) Supõe que a frase amável já conhecida conforta, contrariando o texto, que afirma “não há necessidade de levar no bolso sentenças desse jaez” — ou seja, dispensa-se o uso de clichês, mesmo que amáveis.
C) Indica que o estilo do Conselheiro Acácio é solução, quando, na verdade, o autor o toma como símbolo negativo do uso repetitivo de frases feitas.
D) Comenta ironicamente sobre a insuficiência de frases prontas, sugerindo falta por parte do Conselheiro Acácio. No entanto, o texto não lamenta a ausência delas, mas propõe o seu abandono.
Pontos-chave para interpretação:
Ao interpretar textos em concursos, atente-se à ironia, à crítica e aos exemplos empregados pelo autor para construir sua tese. Busque palavras e expressões que demonstrem julgamento ou reprovação (“evitar”, “não há necessidade”, “conselheiro Acácio como referência negativa”).
Como reforça Bechara em sua Gramática, a interpretação depende de “atenção ao sentido global do texto e reconhecimento de recursos linguísticos que expressam valoração”.
Resumo para provas: Quando o autor repudia determinado comportamento linguístico (uso de clichês, frases feitas), procure a alternativa que expresse reprovação e orientação de evitar aquilo que se critica no texto.
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