Código Nacional de Trânsito

não ultrapasse

quando a faixa for contínua

não ultraje a pátria

quando a farsa for contínua

não vire a página

quando a farsa for contínua

não pule a pauta

quando a farsa for contínua

não mude a prática

quando a farsa for contínua

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

No poema, publicado na década de 1970, as expressões do código de trânsito metaforizam o(a)

TEMA CENTRAL:

A questão aborda interpretação de texto, em especial o uso de figuras de linguagem (metáfora) e a análise do contexto histórico e da intenção do autor.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA (B)

A alternativa B) necessidade de resistir ao discurso autoritário é a correta porque o poema utiliza linguagem do código de trânsito ("não ultrapasse", "faixa contínua") de modo metafórico para criticar limites impostos pela autoridade, sobretudo durante o regime militar brasileiro na década de 1970. Segundo Celso Cunha e Lindley Cintra ("Nova Gramática do Português Contemporâneo"), a metáfora constrói um sentido simbólico ao associar regras de trânsito a restrições de comportamento e de liberdade.

A repetição da frase "quando a farsa for contínua" reforça a crítica à perpetuação do discurso autoritário, apontando a necessidade de se resistir ao seu domínio.

ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS INCORRETAS

A) Medo de agir contra a situação política vigente: Embora o texto aborde restrição, não enfatiza o medo, mas sim o desafio à submissão. O foco está na necessidade de reagir/resistir, e não na simples inibição.

C) Regulamentação do espaço no regime militar: A regulamentação mencionada pelo poema é simbólica, abordando censura e controle de ideias, e não normas sobre o espaço físico ou trânsito propriamente dito.

D) Fortalecimento da indústria automobilística: Não existe nenhuma referência no poema a carros, produção ou mercado automobilístico. É uma alternativa fora de contexto, típica de pegadinha.

ESTRATÉGIA DE INTERPRETAÇÃO

Observe palavras e expressões repetidas, relacione-as ao contexto histórico e à intenção do autor. Questões assim exigem atenção aos sentidos figurados (metáforas) e ao subtexto social – conforme orienta Evanildo Bechara em "Moderna Gramática Portuguesa".

Dica: Desconfie de alternativas que tratam sentenças literalmente quando o texto evidencia linguagem figurada.

Resumo: A alternativa B é a única coerente com a metáfora central e o contexto político do poema.

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