Os diversos grupos envolvidos na Revolução Francesa interpretaram diferentemente os
princípios teóricos que a fundamentaram. Uma interpretação desses princípios pode ser
exemplificada no Manifesto dos Iguais, que se expressava nos seguintes termos:
Desde a própria existência da sociedade civil, o atributo mais belo do homem vem sendo
reconhecido sem oposição, mas nem uma só vez pôde ver-se convertido em realidade: a
igualdade nunca foi mais do que uma bela e estéril dicção da lei. E hoje, q uando essa
igualdade é exigida numa voz mais forte do que nunca, a resposta é esta: ―Calai-vos,
miseráveis! A igualdade não é realmente mais do que uma quimera; contentai-vos com a
igualdade relativa: todos sois iguais em face da lei. Que quereis mais, mis eráveis?‖ Que
mais queremos? Queremos igualdade efetiva ou a morte. De que mais precisamos além da
igualdade de direitos? Queremos vê-la entre nós, sob o teto das nossas casas.
BABEUF, Graco. Manifesto dos Iguais. Disponível em: <www.marxists.org/portugues /babeuf/1796/mes/manifesto.html>. Acesso em: 17 set. 2012. [Adaptado]
Elaborado na fase do Diretório, esse Manifesto inspirou a ˜Conspiração dos Iguais˜, que foi
sufocada, e seu líder, Graco Babeuf, preso e executado.
No contexto da Revolução Francesa, esses acontecimentos evidenciam que
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C
Tema central: trata-se do conflito entre as diversas interpretações dos ideais revolucionários (liberdade, igualdade, fraternidade) durante a Revolução Francesa e de como, na prática, esses ideais foram implementados segundo interesses de classe — especialmente os da burguesia.
Resumo teórico: a Revolução (1789–1799) produziu igualdade jurídica (fim dos privilégios, códigos legais) e liberdade política, mas não igualdade econômica. Autores clássicos sobre o tema (Georges Lefebvre; Albert Soboul; David P. Jordan; o próprio Manifesto de Babeuf como fonte primária) mostram que o resultado prático favoreceu a consolidação da propriedade e dos interesses da alta burguesia. Movimentos como a Conspiração dos Iguais (Babeuf, 1796) exigiam igualdade material e foram reprimidos pela direção mais moderada (Diretório), evidenciando limites sociais da revolução.
Justificativa da alternativa C: a frase afirma que os ideais revolucionários foram aplicados na medida em que serviam aos interesses burgueses. Isso sintetiza bem a dinâmica histórica: direitos civis e políticos garantidos, proteção da propriedade privada e abertura do mercado — conquistas que consolidaram a posição da burguesia. A repressão a reivindicações igualitárias radicais (ex.: Babeuf) confirma que a implementação foi seletiva e classista.
Análise das alternativas incorretas:
A. Imprópria. Embora conservadores e realistas desejassem restauração, a expressão “partido conservador” e “unir-se à alta burguesia” simplifica e confunde atores: a alta burguesia foi agente central da revolução, não necessariamente alinhada com “realistas” que defendiam restaurar completamente a monarquia.
B. Incorreta. Robespierre e os jacobinos contaram com o apoio popular (sans-culottes) e usaram essa base; não eram facção que “temia a ascensão das massas operárias” de modo absoluto — controlaram e instrumentalizaram as massas, mas também reprimiram movimentos extremistas quando contrariavam seus objetivos.
D. Parcialmente verdadeira, mas enganosa para a questão. Os jacobinos chegaram a liderar o processo (período do Terror), porém suas políticas não foram aquelas do igualitarismo econômico radical que Babeuf representa; portanto, a alternativa generaliza “ideias radicais” sem distinguir sua natureza e consequência prática.
Fontes e leituras recomendadas: Georges Lefebvre, Albert Soboul, David Andress, manifesto de Graco Babeuf (texto disponível em marxists.org) — consulte para contraste entre discurso e prática.
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