Assinale a definição de “fascismo” que está
coerente com a definição dada pelo texto 1.
Texto 1: Afinal, o que é o fascismo?
Além de movimento, o fascismo tornou-se poder
na Itália e na Alemanha no período entre guerras,
sendo assim uma forma específica de regime político do Estado capitalista. Não qualquer regime, não
qualquer ditadura, mas uma ditadura contrarrevolucionária com características bastante específicas,
diferente, por exemplo, tanto de ditaduras oligárquicas, quanto da de Porfírio Diaz no México anterior à
Revolução, quanto das ditaduras militares encontradas na América do Sul nos anos 1960-1980. Deste
modo, chamar qualquer regime político ditatorial de
“fascista” pode ser legítimo no plano da retórica política de seus opositores, mas do ponto de vista analítico denota desconhecimento.
Surgido das contradições oriundas da eclosão da
Primeira Grande Guerra e do desafio da Revolução
Russa de 1917, o fascismo constitui-se como um
movimento contrarrevolucionário, formado por uma
base social na pequena burguesia, especialmente
pela massa de ex-combatentes, que em países da
Europa central foram recrutados pelas classes proprietárias que os financiaram para formarem grupos
de bate-paus contra o movimento operário e a esquerda em geral. Enquanto movimento, o fascismo
representou historicamente um oponente violento
das organizações da esquerda, da classe operária e
dos subalternos sociais, bancado pelas classes dominantes para eliminar, inclusive fisicamente, qualquer coisa que pudesse ser associada à ameaça de
“contagio vermelho”. E por isso o sucesso dos movimentos fascistas associava-se também à capacidade desses movimentos convencerem amplos setores sociais de que o conjunto das esquerdas poderia ser enquadrado como “comunista” e, por conseguinte, “antipatriótico”. Assim, dos revolucionários
anarquistas até os social-democratas mais reformistas, passando naturalmente pelos próprios comunistas, as esquerdas em geral foram alvo desses movimentos contrarrevolucionários.
Em suma, não é de hoje esse uso generalizado
do termo “fascista” para se referir aos opositores
políticos da esquerda, e nesse caso deveria ser um
truísmo afirmar que, se chamamos tudo de “fascista”, esse termo perde sua força explicativa. Se é
para de fato levarmos o fascismo a sério, esse caminho generalizante não ajuda.
Desde as Jornadas de Junho de 2013, no âmbito
da esquerda [brasileira] mais uma vez o uso do termo fascista é abusivamente adotado para se referir,
por exemplo, aos governos estaduais, à instituição
Polícia Militar e mesmo ao governo federal. E como
não lembrar do infeliz comentário da filósofa Marilena Chauí, diante de uma plateia da Academia da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, em fins
de agosto de 2013, quando caracterizou os “black
blocs” como “inspirados no fascismo”?
MELO, Demian. Sobre o fascismo e o fascismo no Brasil
de hoje. Disponível em: http://blogjunho.com.br/sobre-ofascismo-e-o-fascismo-no-brasil-de-hoje/.
Acesso em: 10 de mai. de 2017. Fragmento adaptado.
Texto 1: Afinal, o que é o fascismo?
Além de movimento, o fascismo tornou-se poder na Itália e na Alemanha no período entre guerras, sendo assim uma forma específica de regime político do Estado capitalista. Não qualquer regime, não qualquer ditadura, mas uma ditadura contrarrevolucionária com características bastante específicas, diferente, por exemplo, tanto de ditaduras oligárquicas, quanto da de Porfírio Diaz no México anterior à Revolução, quanto das ditaduras militares encontradas na América do Sul nos anos 1960-1980. Deste modo, chamar qualquer regime político ditatorial de “fascista” pode ser legítimo no plano da retórica política de seus opositores, mas do ponto de vista analítico denota desconhecimento.
Surgido das contradições oriundas da eclosão da Primeira Grande Guerra e do desafio da Revolução Russa de 1917, o fascismo constitui-se como um movimento contrarrevolucionário, formado por uma base social na pequena burguesia, especialmente pela massa de ex-combatentes, que em países da Europa central foram recrutados pelas classes proprietárias que os financiaram para formarem grupos de bate-paus contra o movimento operário e a esquerda em geral. Enquanto movimento, o fascismo representou historicamente um oponente violento das organizações da esquerda, da classe operária e dos subalternos sociais, bancado pelas classes dominantes para eliminar, inclusive fisicamente, qualquer coisa que pudesse ser associada à ameaça de “contagio vermelho”. E por isso o sucesso dos movimentos fascistas associava-se também à capacidade desses movimentos convencerem amplos setores sociais de que o conjunto das esquerdas poderia ser enquadrado como “comunista” e, por conseguinte, “antipatriótico”. Assim, dos revolucionários anarquistas até os social-democratas mais reformistas, passando naturalmente pelos próprios comunistas, as esquerdas em geral foram alvo desses movimentos contrarrevolucionários.
Em suma, não é de hoje esse uso generalizado do termo “fascista” para se referir aos opositores políticos da esquerda, e nesse caso deveria ser um truísmo afirmar que, se chamamos tudo de “fascista”, esse termo perde sua força explicativa. Se é para de fato levarmos o fascismo a sério, esse caminho generalizante não ajuda.
Desde as Jornadas de Junho de 2013, no âmbito da esquerda [brasileira] mais uma vez o uso do termo fascista é abusivamente adotado para se referir, por exemplo, aos governos estaduais, à instituição Polícia Militar e mesmo ao governo federal. E como não lembrar do infeliz comentário da filósofa Marilena Chauí, diante de uma plateia da Academia da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, em fins de agosto de 2013, quando caracterizou os “black blocs” como “inspirados no fascismo”?
MELO, Demian. Sobre o fascismo e o fascismo no Brasil de hoje. Disponível em: http://blogjunho.com.br/sobre-ofascismo-e-o-fascismo-no-brasil-de-hoje/. Acesso em: 10 de mai. de 2017. Fragmento adaptado.
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto, com foco na identificação de definições explícitas e coerência textual.
Essa questão exige do candidato a habilidade de localizar no texto a definição de “fascismo” apresentada pelo autor e identificar qual alternativa corresponde com exatidão ao que foi exposto. Trata-se de uma aplicação direta do conceito de coerência, fundamental segundo Koch e Elias (Ler e Compreender): o aluno precisa garantir que o sentido da alternativa esteja em conformidade com o do texto-base.
Justificativa para a alternativa correta — B:
A alternativa B afirma: “Movimento contrarrevolucionário constituído por pequenos burgueses para se opor à classe operária e aos movimentos sociais mais radicais, entre os quais o comunismo.” Essa definição é totalmente coerente com o texto, que enfatiza:
- O caráter contrarrevolucionário do fascismo.
- A base formada pela pequena burguesia e ex-combatentes recrutados.
- A oposição à classe operária e à esquerda.
Trata-se de uma reprodução fiel das ideias principais encontradas no texto, evidenciando domínio interpretativo e excelente análise semântica.
Análise crítica das alternativas incorretas:
A) Cita elementos como “terrorismo” e “capital financeiro” que não aparecem na definição original do texto. O texto fala da base social pequena-burguesa, não do capital financeiro.
C) Menciona transformação pós-Segunda Guerra e capital monopolista, assunto não tratado no texto-base. Fugiu do recorte temporal e temático do fragmento.
D) Destaca a oposição radical ao liberalismo em geral, o que não é trazido como elemento central pelo autor. A base da definição, para o texto, não é oposição ao liberalismo, mas o caráter contrarrevolucionário e a composição social.
Dicas para não errar questões como essa:
- Leia atentamente as definições no texto. Busque palavras-chaves e ideias repetidas.
- Desconfie de alternativas que ampliam ou distorcem a definição do texto, introduzindo elementos não mencionados pelo autor.
- Priorize as alternativas que apresentam consistência temática e não extrapolam o conteúdo fornecido.
Autores como Bechara e Cunha & Cintra reforçam que a coesão e a clareza semântica são fundamentais para a boa interpretação.
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