Questão 44c3809c-3c
Prova:UNESP 2015
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sob o ponto de vista expressivo, a repetição do último verso de todas as estrofes tem a função de

Protestos a Arminda

    Conheço muitas pastoras
Que beleza e graça têm,
Mas é uma só que eu amo
Só Arminda e mais ninguém.

    Revolvam meu coração
Procurem meu peito bem,
Verão estar dentro dele
Só Arminda e mais ninguém.

    De tantas, quantas belezas
Os meus ternos olhos veem,
Nenhuma outra me agrada
Só Arminda e mais ninguém.

    Estes suspiros que eu solto
Vão buscar meu doce bem,
É causa dos meus suspiros
Só Arminda e mais ninguém.

Os segredos de meu peito
Guardá-los nele convém,
Guardá-los aonde os veja
Só Arminda e mais ninguém.

    Não cuidem que a mim me importa
Parecer às outras bem,
Basta que de mim se agrade
Só Arminda e mais ninguém.

    Não me alegra, ou me desgosta
Doutra o mimo, ou o desdém,
Satisfaz-me e me contenta
Só Arminda e mais ninguém.

    Cantem os outros pastores
Outras pastoras também,
Que eu canto e cantarei sempre
Só Arminda e mais ninguém.

(Viola de Lereno, 1980.)

A
enfatizar o grande afeto do eu lírico por Arminda.
B
assinalar o caráter inacessível de Arminda.
C
atribuir um tom fortemente lamentoso à modinha.
D
ironizar a distância do eu lírico em relação a Arminda.
E
insistir na ideia do amor como uma fantasia irrealizável.

Gabarito comentado

F
Fábio Oliveira Monitor do Qconcursos

Questão sobre Interpretação de Texto – Figuras de Linguagem (Anáfora)

Tema central: A questão avalia interpretação de texto, com foco na função expressiva da repetição em um poema. Exige do candidato reconhecer o efeito de sentido provocado por uma figura de linguagem chamada anáfora – embora, no poema, a repetição ocorra no final da estrofe, o princípio permanece.

Justificativa para a alternativa correta (A):

A alternativa A está correta porque a repetição do verso “Só Arminda e mais ninguém”, ao final de cada estrofe, reforça para o leitor a exclusividade e a intensidade do afeto do eu lírico. Como ensinam Celso Cunha & Lindley Cintra e Evanildo Bechara, esse tipo de repetição é um procedimento de ênfase típico da anáfora: “a insistência lexical destaca a ideia principal do texto e imprime musicalidade e unidade ao poema”. Dessa forma, o leitor retém com clareza qual é o foco absoluto do sentimento do eu lírico.

Análise das alternativas incorretas:

B) Assinalar o caráter inacessível de Arminda – Não há passagem sugerindo que Arminda seja inalcançável; o texto volta-se à exclusividade do amor do eu lírico, não à distância ou inacessibilidade.

C) Atribuir um tom fortemente lamentoso à modinha – Embora se trate de um poema sentimental, a repetição não atribui um tom de lamento intenso, mas enfatiza a escolha amorosa.

D) Ironizar a distância do eu lírico em relação a Arminda – O poema não trabalha o conceito de ironia, e sim a sinceridade e intensidade dos sentimentos, de maneira direta.

E) Insistir na ideia do amor como uma fantasia irrealizável – Em nenhum momento o poema sugere a irrealização ou fantasia do amor; ao contrário, demonstra certeza e exclusividade.

Estratégia para futuras questões: Em textos poéticos, especialmente em versos ou refrões repetidos, observe a ideia enfatizada por tais repetições. Figuras como a anáfora servem como recurso coerente de construção de sentido – consultando gramáticas como Bechara ou Cunha & Cintra, você confere que “o que se repete, se destaca”. Em resumos e questões de prova, busque sempre qual é a mensagem repetidamente ressaltada pelo autor.

Resumo: A ênfase conferida à expressão repetida é que evidencia o grande afeto do eu lírico, tornando a alternativa A a única plenamente de acordo com a função expressiva verificada no poema.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo