Questão 41c6db11-cc
Prova:UFMS 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o texto a seguir.

Último poema

Agora deixa o livro 
volta os olhos 
para a janela 
a cidade 
a rua
o chão
o corpo mais próximo 
tuas próprias mãos: 
aí também
se lê


MARQUES, Ana Martins. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 29


Em O livro das semelhanças (2015), a poeta Ana Martins Marques aproxima-se de uma espécie de estética do cotidiano, em poemas nos quais a sensibilidade pode ser objeto da poesia a partir de relações estabelecidas com sensações ou objetos do senso comum. Em “Último poema”, o eu lírico: 

A
volta-se para a materialidade das coisas de modo a separar, em universos descontínuos, o literário e a vida.
B
convoca o leitor a enxergar a poesia além do livro, contida no mundo e no próprio corpo e que carece do olhar para ser percebida.
C
decreta o fim da poesia de modo panfletário o que, metonimicamente, relaciona-se com o fim do livro na era digital.
D
explicita que está nas mãos do leitor a responsabilidade sobre a interpretação, prescindindo da leitura.
E
manifesta-se centrado em sua subjetividade a partir de uma oposição maniqueísta entre o exterior e o interior, sendo este hierarquicamente superior àquele.

Gabarito comentado

L
Lucas OliveiraMonitor do Qconcursos

Gabarito comentado – Interpretação de Texto

Tema central: A questão trabalha interpretação de texto literário, exigindo do candidato uma leitura sensível e atenta aos sentidos implícitos no poema “Último poema”, de Ana Martins Marques. Trata-se de uma análise sobre como o eu lírico propõe novas possibilidades de leitura da realidade, explorando o conceito de poesia no cotidiano.

Justificativa da alternativa correta (B):

O poema orienta que se deixe o livro de lado e se olhe para o mundo (“a cidade / a rua / o chão / o corpo mais próximo / tuas próprias mãos: aí também se lê”). Há nesse movimento uma convocação ao leitor: enxergar a poesia além do livro, reconhecendo-a no cotidiano e em si mesmo. Ou seja, a poesia está presente na realidade à nossa volta e depende do olhar do leitor para ser percebida. Esse traço está em sintonia com o que Roman Jakobson define como função poética da linguagem e também com a metalinguagem, pois fala do próprio ato de ler poesia não apenas nas páginas, mas no mundo real.

Análise das alternativas incorretas:

A) Sugere separação absoluta entre o literário e a vida, enquanto o texto integra ambos, abolindo fronteiras.

C) Fala em fim da poesia e referencia o fim dos livros na era digital, nada sugerido pelo poema, que amplia a existência poética para fora do livro.

D) Diz que prescinde da leitura, mas o poema aponta para um novo tipo de leitura, não sua ausência.

E) Propõe uma oposição interior/exterior, com superioridade do interior, quando o texto sugere continuidade e diálogo entre mundo interno e externo.

Estratégias de resolução:

Atente-se às palavras de ordem e ações sugeridas pelo eu lírico (“volta os olhos”, “aí também se lê”), analisando se as alternativas interpretam corretamente esse gesto. Evite respostas que tragam juízos ou temas não presentes explicitamente no texto – como “fim da poesia” ou “superioridade interior”.

Conceitos-chave:

Metalinguagem, função poética, cotidiano como fonte poética — conforme explorado em gramáticas de referência como Cunha & Cintra e discussões sobre leitura poética em Jakobson e Barthes.

Resumo final: A alternativa B é correta porque entende a proposta do texto: a poesia está em toda parte, bastando um olhar atento do leitor para encontrá-la.

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