Questão 3f1450ec-0b
Prova:UFMS 2018
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Leia atentamente o texto a seguir:


“Neste ponto, o filósofo compreendeu que havia uma crença da qual ele não podia duvidar: a crença na própria existência. Cada um de nós pensa ou diz: ‘Sou, existo’ – e, enquanto pensamos ou dizemos isso, não podemos estar errados. Quando o filósofo tentou aplicar o teste do gênio maligno a sua crença, percebeu que o gênio só podia levá-lo a acreditar que ele existe se ele, o próprio filósofo, de fato existir – como ele poderia duvidar da própria existência, se é preciso existir para ter dúvida?
O axioma ‘Eu sou, eu existo’ constitui a primeira certeza desse filósofo. Em sua obra anterior, Discurso sobre o método, ele a apresentou como ‘Penso, logo existo’, mas abandonou a frase ao escrever suas Meditações, pois o uso de ‘logo’ leva a afirmação a ser lida como premissa e conclusão. O filósofo queria que o leitor – o ‘eu’ que medita – percebesse que, assim que considero o fato de que existo, sei que isso é verdadeiro. Tal verdade é instantaneamente apreendida. A percepção de que existo é uma intuição direta, não a conclusão de um argumento.” (Vários colaboradores. O livro da Filosofia. Tradução Douglas Kim. São Paulo: Globo, 2011. p. 120. Adaptado).

O texto desse enunciado exprime uma vertente do pensamento racionalista de um importante filósofo ocidental. Assinale a alternativa correta que apresenta o filósofo racionalista autor das reflexões apresentadas.

A
Nicolau Maquiavel.
B
São Tomás de Aquino.
C
René Descartes.
D
Voltaire.
E
Immanuel Kant.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: C - René Descartes

Tema central: a questão trata do racionalismo moderno e, em particular, do famoso princípio fundacional de certeza apresentado pelo autor que busca uma base indubitável ao conhecimento — o cogito.

Resumo teórico: Descartes aplica a dúvida metódica para rejeitar crenças incertas até chegar a uma certeza absoluta: quando duvido ou penso, não posso duvidar de que existo enquanto sujeito pensante. Essa intuição imediata aparece em Discurso do Método e é reafirmada nas Meditações, com a figura do “gênio maligno” como hipótese hiperbólica para testar a certeza. Fontes úteis: René Descartes, Discurso do Método e Meditações Metafísicas; comentários na Stanford Encyclopedia of Philosophy (entrada “René Descartes”).

Por que C é correta: o enunciado menciona explicitamente o axioma “Penso, logo existo” e o recurso do “gênio maligno” — termos e procedimentos característicos de Descartes. Ele é o racionalista moderno que fundamentou o conhecimento na razão e na intuição clara e distinta.

Análise das alternativas incorretas:

A - Maquiavel: pensador político do Renascimento; suas obras tratam de política prática (O Príncipe), não da dúvida metódica nem do cogito.

B - São Tomás de Aquino: filósofo medieval escolástico que conciliou fé e razão; sua metodologia e preocupações (teologia natural, prova da existência de Deus) são distintas do racionalismo cartesiano.

D - Voltaire: figura central do Iluminismo, crítico social e literário; não formula a solução epistemológica do cogito nem o experimento do gênio maligno.

E - Immanuel Kant: crítico da razão pura que reapresenta problema do sujeito (síntese entre sensibilidade e entendimento); embora dialogue com Descartes, não é autor do “penso, logo existo”.

Dica de prova: identifique palavras-chave no enunciado (ex.: “penso, logo existo”, “gênio maligno”, “Meditações”) — elas apontam diretamente ao autor. Em questões de autores, compare termos específicos antes de considerar biografias mais gerais.

Referências rápidas: Descartes, Meditações Metafísicas; Discurso do Método; Stanford Encyclopedia of Philosophy (entry “René Descartes”).

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