Leia o texto a seguir.
Segundo os cálculos de José Pereira Rego (1816-1892), importante médico da Corte, a doença teria
acometido, ao todo, cerca de 90.000 pessoas, mais de um terço da população carioca, estimada, por um
relatório do ministério do Império da época, em 266.466 habitantes. Os próprios médicos estavam longe
de um consenso sobre a natureza da febre amarela. De onde vinha? Como se propagava? Era
contagiosa? Infecciosa? Qual era a cura? Como evitar que a cidade fosse atingida por novas epidemias?
Perguntas como estas eram estampadas diariamente nas páginas dos jornais, que começavam a cobrar,
de forma mais agressiva, soluções para o problema.
GONÇALVES, Monique de Siqueira. Morte anunciada. História Viva. 2 fev. 2009. Disponível em:<http://historianovest.blogspot.com.br/2009/02/morteanunciada.htmil> . Acesso em: 8 mar. 2018.
A citação refere-se à epidemia de febre amarela que assolou a cidade do Rio de Janeiro em 1850. No contexto
da época, acreditava-se que a epidemia era causada
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa B
Tema central: trata-se da interpretação histórica de explicações médicas do século XIX sobre epidemias urbanas — aqui, a febre amarela no Rio de Janeiro em 1850. Para resolver a questão é preciso relacionar o contexto científico da época (predomínio da teoria dos miasmas) com o conhecimento posterior sobre vetores.
Resumo teórico rápido: No século XIX muitos médicos e a opinião pública aceitavam a teoria dos miasmas: doenças seriam causadas por exalações pestilenciais da matéria em decomposição. A teoria dos germes e a confirmação de vetores (Aedes aegypti para a febre amarela) só se consolidaram mais tarde — propostas por Carlos Finlay (1881) e comprovadas pela Comissão do Exército dos EUA liderada por Walter Reed (1900‑1901). Fontes úteis: WHO (ficha técnica sobre febre amarela) e estudos de história da medicina sobre miasmas e transição para a teoria germinal.
Por que B é correta: O enunciado refere-se ao entendimento da época: acreditava‑se que a doença surgia por exalação de miasmas — gases e ar "putrefato" em áreas urbanas. Esse foi o raciocínio aceito por autoridades e jornais do período, o que explica a opção B.
Análise das alternativas incorretas:
A — pulgas/ratos: corresponde à explicação para peste bubônica (bactéria Yersinia pestis), não para a febre amarela.
C — mosquitos Aedes aegypti: é a causa correta do ponto de vista moderno, mas esse conhecimento só foi aceito décadas depois; portanto não condiz com as crenças médicas de 1850 exigidas pelo enunciado.
D — miscigenação: argumento racialista e sem base científica; reflete preconceitos sociais, não explicação médica séria.
E — “vírus hospedeiros indígenas”: anacronismo e biologicamente incorreto (confunde origem etnocultural com mecanismo de transmissão).
Dica de prova: identifique o recorte temporal do enunciado: quando a questão pede “no contexto da época”, priorize explicações históricas contemporâneas (aqui, miasmas), não o conhecimento científico atual.
Fontes rápidas: WHO – Yellow fever factsheet; estudos sobre Carlos Finlay e a Comissão de Walter Reed; obras introdutórias de história da medicina sobre a teoria dos miasmas.
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