Questão 3e94ec25-c4
Prova:UEG 2018
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Brasil Monárquico – Segundo Reinado 1831- 1889

Leia o texto a seguir.
Segundo os cálculos de José Pereira Rego (1816-1892), importante médico da Corte, a doença teria acometido, ao todo, cerca de 90.000 pessoas, mais de um terço da população carioca, estimada, por um relatório do ministério do Império da época, em 266.466 habitantes. Os próprios médicos estavam longe de um consenso sobre a natureza da febre amarela. De onde vinha? Como se propagava? Era contagiosa? Infecciosa? Qual era a cura? Como evitar que a cidade fosse atingida por novas epidemias? Perguntas como estas eram estampadas diariamente nas páginas dos jornais, que começavam a cobrar, de forma mais agressiva, soluções para o problema. 

GONÇALVES, Monique de Siqueira. Morte anunciada. História Viva. 2 fev. 2009. Disponível em:<http://historianovest.blogspot.com.br/2009/02/morteanunciada.htmil> . Acesso em: 8 mar. 2018.

A citação refere-se à epidemia de febre amarela que assolou a cidade do Rio de Janeiro em 1850. No contexto da época, acreditava-se que a epidemia era causada 

A
pelas picadas de pulgas que viviam em simbiose com os ratos, uma verdadeira praga urbana na época.
B
pela exalação de miasmas, gases decorrentes da putrefação de corpos e alimentos em solo urbano.
C
pelos mosquitos Aedes Aegyptis que habitavam os inúmeros córregos e rios que cortavam a cidade.
D
pelas frequentes miscigenações entre caucasianos e negroides das camadas populares.
E
pelos vírus hospedeiros das populações indígenas nativas do continente americano.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa B

Tema central: trata-se da interpretação histórica de explicações médicas do século XIX sobre epidemias urbanas — aqui, a febre amarela no Rio de Janeiro em 1850. Para resolver a questão é preciso relacionar o contexto científico da época (predomínio da teoria dos miasmas) com o conhecimento posterior sobre vetores.

Resumo teórico rápido: No século XIX muitos médicos e a opinião pública aceitavam a teoria dos miasmas: doenças seriam causadas por exalações pestilenciais da matéria em decomposição. A teoria dos germes e a confirmação de vetores (Aedes aegypti para a febre amarela) só se consolidaram mais tarde — propostas por Carlos Finlay (1881) e comprovadas pela Comissão do Exército dos EUA liderada por Walter Reed (1900‑1901). Fontes úteis: WHO (ficha técnica sobre febre amarela) e estudos de história da medicina sobre miasmas e transição para a teoria germinal.

Por que B é correta: O enunciado refere-se ao entendimento da época: acreditava‑se que a doença surgia por exalação de miasmas — gases e ar "putrefato" em áreas urbanas. Esse foi o raciocínio aceito por autoridades e jornais do período, o que explica a opção B.

Análise das alternativas incorretas:

A — pulgas/ratos: corresponde à explicação para peste bubônica (bactéria Yersinia pestis), não para a febre amarela.

C — mosquitos Aedes aegypti: é a causa correta do ponto de vista moderno, mas esse conhecimento só foi aceito décadas depois; portanto não condiz com as crenças médicas de 1850 exigidas pelo enunciado.

D — miscigenação: argumento racialista e sem base científica; reflete preconceitos sociais, não explicação médica séria.

E — “vírus hospedeiros indígenas”: anacronismo e biologicamente incorreto (confunde origem etnocultural com mecanismo de transmissão).

Dica de prova: identifique o recorte temporal do enunciado: quando a questão pede “no contexto da época”, priorize explicações históricas contemporâneas (aqui, miasmas), não o conhecimento científico atual.

Fontes rápidas: WHO – Yellow fever factsheet; estudos sobre Carlos Finlay e a Comissão de Walter Reed; obras introdutórias de história da medicina sobre a teoria dos miasmas.

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