Vidas Secas, novela de Graciliano Ramos, apesar de
ser uma obra sobre a natureza inóspita e a miséria do
nordeste, apresenta um texto marcadamente estético
e lírico, que alcança os limites da poesia. Assim,
indique, nas alternativas abaixo, a que apresenta
trecho com linguagem cuja função é dominantemente
poética.
Gabarito comentado
Tema central: Função poética da linguagem, ligada à interpretação de texto. Saber identificar a função poética é fundamental em provas, pois envolve reconhecer quando o autor faz uso de recursos estéticos para provocar efeito sensorial e artístico no leitor, valorizando a forma da mensagem.
Justificativa da alternativa correta (A):
A alternativa A apresenta, de maneira clara, predominância da função poética. Observe:
- Uso de repetições: “um risco no céu, outros riscos, milhares de riscos juntos” – recurso de sonoridade e ritmo.
- Emprego de metáforas: “riscos no céu” para designar um fenômeno natural.
- Forte carga sensorial: “a brancura das manhãs longas”, “a vermelhidão sinistra das tardes”.
Segundo Roman Jakobson e Evanildo Bechara, essa função visa realçar a estética do texto, destacando a mensagem em si, não apenas o conteúdo. O leitor é envolvido pelo valor expressivo das palavras.
Análise das alternativas incorretas:
- B) Narrativa descritiva, sem valorização estética; predomina a função referencial (informativa).
- C) Embora traga descrições (“olhando as estrelas, que vinham nascendo”), mantém-se mais próxima do factual, sem explorar intensamente recursos estilísticos.
- D) Trecho objetivo, informativo e explicativo; ausência de linguagem poética.
- E) Discurso direto, com tom apelativo, típico da função conativa (persuasiva), e não poética.
Estratégia para provas: Ao buscar a função poética, fique atento a figuras de linguagem (metáfora, aliteração, antítese), ritmo, sonoridade e imagens sensoriais. Textos literários costumam misturar funções, mas a alternativa correta é aquela em que a forma predomina sobre o conteúdo.
Referências: Bechara, Moderna Gramática Portuguesa; Cunha & Cintra, Nova Gramática; Jakobson, “Linguística e Poética”.
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