Analise as afirmativas abaixo acerca do período Estado
Novo (1937-1945) no Brasil.
I - O Estado Novo se estabeleceu a partir de um golpe que dissolveu o Congresso e da outorga de uma
nova Constituição que suprimiu liberdades civis. Em
meio a um período de turbulência política, o pretexto
definitivo para o fechamento do regime foi o crescimento da Ação Integralista Brasileira (AIB) e suas
marchas populares.
II - No âmbito do Ministério de Educação e Saúde (MES),
elaborou-se um projeto cultural que visou a incentivar pesquisas sobre o Brasil e preservar suas raízes
culturais. Em torno do ministro Gustavo Capanema,
reuniram-se intelectuais de variadas correntes de
pensamento nem sempre próximos ao regime, mas
que compartilhavam um projeto nacionalista.
III - O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP),
criado em 1939, controlava e censurava previamente os meios de comunicação. Subordinada ao poder
público pela Constituição de 1937, a imprensa foi
usada como instrumento de propaganda do regime,
sendo obrigada a divulgar informes e comunicados
oficiais.
IV - O Estado Novo valorizou manifestações da cultura
popular como o samba e o carnaval, transformando-
-os em símbolos da cultura nacional. As festas, os
ritmos populares e temas como a sensualidade, a
boemia carioca e a “malandragem”, passaram a ser
vistos como expressões de uma brasilidade que deveria ser exaltada.
Estão corretas SOMENTE as afirmativas:
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa B (II e III)
Tema central: política e cultural do Estado Novo (1937‑1945). É preciso distinguir fatos concretos (fechamento do Congresso, outorga da Constituição de 1937, criação do DIP em 1939, atuação de Gustavo Capanema) de interpretações ou exageros sobre motivações e ênfases culturais.
Resumo teórico: O Estado Novo foi instaurado por golpe em novembro de 1937, com outorga de uma nova Constituição que concentrava poderes e restringia liberdades. O governo organizou uma política cultural de caráter nacionalista sob o MES (ministro Gustavo Capanema), reunindo intelectuais estatais e financiando pesquisas/representações da “nação”. Em 1939 foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão central de censura e propaganda oficial.
Por que II e III estão corretas:
II — Verdadeiro: o MES, a partir de Capanema, articulou um projeto cultural que buscava construir identidade nacional e preservar “raízes” culturais; esse núcleo congregou modernistas e técnicos nem sempre alinhados politicamente com Vargas, mas interessados em projetos nacionalistas (ver José Murilo de Carvalho; Boris Fausto).
III — Verdadeiro: o DIP (criado em 1939) centralizou a propaganda estatal e participou da censura prévia e do controle de conteúdos, usando a imprensa para veicular informes oficiais e orientar a opinião pública; a Constituição de 1937 também restringiu garantias e submeteu vários poderes ao Executivo.
Por que I é incorreta:
A primeira parte de I (golpe, dissolução do Congresso, outorga e supressão de liberdades) está correta, mas o enunciado erra ao afirmar que o pretexto definitivo para o fechamento foi o crescimento da Ação Integralista Brasileira. O principal pretexto divulgado foi o suposto perigo comunista (Plano Cohen) e a crise política interna; a AIB teve papel importante, mas não foi o motivo final legitimador do golpe. A presença de meia‑verdade torna I incorreta.
Por que IV é incorreta:
Embora o regime tenha instrumentalizado manifestações populares (samba, folclore, carnaval) na construção de símbolos nacionais, isso ocorreu de forma controlada e muitas vezes disciplinadora e moralizadora. Aspectos como a “malandragem”, sensualidade e boemia não foram simplesmente exaltados: foram apropriados, sanitizados e regulados para caber na imagem oficial de brasilidade. Assim, IV exagera e universaliza uma apropriação que foi seletiva.
Estratégia para provas: atente para afirmações totais/absolutas; identifique fatos verificáveis (datas, órgãos, nomes) e diferencie fatos de interpretações. Em enunciados compostos, basta uma falha para torná‑lo falso.
Fontes indicadas: Constituição de 1937; estudos de José Murilo de Carvalho e Boris Fausto sobre Estado Novo; trabalhos sobre Gustavo Capanema e DIP (história cultural brasileira).
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