O otimismo ao qual se refere o texto contrasta com as
restrições políticas instituídas pelo golpe militar de
1964 e pelo Ato Institucional n.° 5 (AI-5), em 1968.
Leia o texto a seguir.
“Os mais velhos lembram-se muito bem, mas os mais
moços podem acreditar: entre 1950 e 1979, a sensação
dos brasileiros, ou de grande parte dos brasileiros, era a
de que faltava dar uns poucos passos para finalmente nos
tornarmos uma nação moderna. Esse alegre otimismo, só
contrariado em alguns rápidos momentos, foi mudando a
sua forma. Na década de 50, alguns imaginavam até que
estaríamos assistindo ao nascimento de uma nova
civilização nos trópicos, que combinava a incorporação
das conquistas materiais do capitalismo com a
persistência dos traços de caráter que nos singularizavam
como povo: a cordialidade, a criatividade, a tolerância.
De 1967 em diante, a visão de progresso vai assumindo a
nova forma de uma crença na modernização, isto é, de
nosso acesso iminente ao ‘Primeiro Mundo’.”
(NOVAIS,
F. A.; MELLO, J. M. C. de. Capitalismo tardio e
sociabilidade moderna. In: SCHWARCZ, L. M. (Org.)
História da vida privada no Brasil. v.4. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998, p. 560).
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre
a formação e as transformações do Estado Brasileiro,
entre 1950 e 1979, assinale o que for correto.
“Os mais velhos lembram-se muito bem, mas os mais moços podem acreditar: entre 1950 e 1979, a sensação dos brasileiros, ou de grande parte dos brasileiros, era a de que faltava dar uns poucos passos para finalmente nos tornarmos uma nação moderna. Esse alegre otimismo, só contrariado em alguns rápidos momentos, foi mudando a sua forma. Na década de 50, alguns imaginavam até que estaríamos assistindo ao nascimento de uma nova civilização nos trópicos, que combinava a incorporação das conquistas materiais do capitalismo com a persistência dos traços de caráter que nos singularizavam como povo: a cordialidade, a criatividade, a tolerância. De 1967 em diante, a visão de progresso vai assumindo a nova forma de uma crença na modernização, isto é, de nosso acesso iminente ao ‘Primeiro Mundo’.”
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre a formação e as transformações do Estado Brasileiro, entre 1950 e 1979, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Alternativa correta: C — Certo
Tema central: o enunciado contrapõe o otimismo modernizador presente em amplos setores da sociedade brasileira (décadas de 1950–1970) com as restrições políticas impostas pelo golpe de 1964 e, especialmente, pelo Ato Institucional nº 5 (AI‑5) de 1968. Para responder, é preciso integrar conhecimentos sobre desenvolvimento econômico (industrialização e "milagre econômico") e sobre o processo autoritário instaurado pelos militares.
Resumo teórico e contextualização: entre 1950 e meados dos anos 60 houve forte projeto de modernização impulsionado por industrialização, políticas desenvolvimentistas (ex.: Plano de Metas de JK) e crescimento urbano. O golpe de 31/03/1964 implantou um regime militar que, progressivamente, restringiu liberdades políticas. O ponto de ruptura mais duro foi o AI‑5 (13/12/1968), que legalizou medidas de exceção: fechamento do Congresso, censura à imprensa e cultura, suspensão de direitos políticos e de habeas corpus para crimes políticos, cassação de mandatos e repressão a opositores.
Por que a alternativa está correta: o enunciado afirma que o otimismo social contrasta com as restrições instituídas pelo golpe e pelo AI‑5 — e isso é historicamente verdadeiro. Mesmo durante o chamado "milagre econômico" (1968–73), que alimentava expectativas de modernização, o Estado ampliou mecanismos autoritários para controlar a oposição e a vida pública. Assim, a experiência coletiva de esperança modernizadora conviveu com práticas de exceção e violência estatal.
Fontes e referências úteis: Ato Institucional nº 5 (13/12/1968) — Diário Oficial; para contextualização historiográfica, obras como Thomas Skidmore, "Brazil: Five Centuries of Change" (ou sua versão em português) e estudos sobre o regime militar e o AI‑5 (ex.: Hélio Silva, Elio Gaspari, e coleções acadêmicas sobre ditadura) explicam bem essa tensão entre desenvolvimento econômico e repressão política.
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