Questão 3b493081-9b
Prova:FGV 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No texto, entre outras marcas do estilo de época que se convencionou chamar de Barroco, encontra-se o

                                    Triste Bahia


Triste Bahia! ó quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado!

Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,

Rica te vi eu já, tu a mi abundante.


A ti trocou-te a máquina mercante,

Que em tua larga barra tem entrado,

A mim foi-me trocando, e tem trocado,

Tanto negócio e tanto negociante.


Deste em dar tanto açúcar excelente

Pelas drogas inúteis, que abelhuda

Simples aceitas do sagaz Brichote*.


Oh se quisera Deus que de repente

Um dia amanheceras tão sisuda

Que fora de algodão o teu capote!

                                                     Gregório de Matos.


*provável referência aos ingleses (British) 

A
emprego predominante de vocabulário elevado, de extração erudita, majoritariamente composto de palavras raras e preciosas.
B
estabelecimento de um jogo de oposições semânticas produzidas, no caso, pelo espelhamento mútuo do poeta e da Bahia.
C
uso intensivo da obscuridade semântica, conferindo ao texto caráter hermético e misterioso.
D
eu lírico dilacerado, tensionado por sua divisão entre a veneração dos bens terrenos e a religiosidade exaltada, de caráter místico.
E
recurso ao tema do “fugere urbem” (fuga à cidade), como modo de criticar a sociedade decadente da Bahia.

Gabarito comentado

G
Glória CostaMonitor do Qconcursos

Gabarito Comentado – Interpretação de Texto (Barroco):

Tema central: Interpretação de texto com ênfase em figuras de linguagem e características do Barroco, como o jogo de oposições semânticas (antítese) e paralelismo sintático.

Justificativa para a alternativa correta – Letra B:

A alternativa B fala do “estabelecimento de um jogo de oposições semânticas (...), pelo espelhamento mútuo do poeta e da Bahia”. Isso é visível nos versos que opõem passado e presente (“Triste Bahia! ó quão dessemelhante estás e estou do nosso antigo estado!”), além da comparação direta entre a decadência do eu-lírico e da cidade. Segundo Bechara e Cunha & Cintra, o Barroco explora intensamente contrastes (antítese e paradoxos) e paralelismos sintáticos, reforçando os conflitos centrais (exemplo: “Rica te vi eu já, tu a mi abundante”). Logo, a alternativa B reflete com precisão a técnica barroca empregada.

Análise crítica das alternativas incorretas:

A) Exagera ao atribuir vocabulário excessivamente erudito ao poema. Apesar de uma ou outra expressão rebuscada, predomina a clareza e o contraste, não a escolha de palavras raras.

C) Incorre ao afirmar obscuridade semântica: o poema é direto na exposição de suas críticas e contrastes, nada hermético.

D) Refere-se à dualidade religiosa versus materialismo, aspecto do Barroco, porém, não é o foco deste texto, que trata da decadência econômica/social em oposição ao passado.

E) O “fugere urbem” (fuga à cidade) não aparece. O texto discute a mudança na Bahia, não a fuga do espaço urbano, focando na crítica à transformação mercantil.

Estratégia de resolução: Ao interpretar textos poéticos barrocos, procure identificar antíteses, paradoxos e paralelismos, que revelam contrastes e conflitos. Observe palavras de oposição (triste/rica, pobre/abundante) e estruturas repetidas, pistas claras desses recursos.

Resumo: A alternativa B é a correta, pois o poema constrói contrastes entre o eu e a cidade, típico do Barroco. Conheça bem as principais figuras de linguagem e características dos movimentos literários!

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