No texto, entre outras marcas do estilo de época que se convencionou
chamar de Barroco, encontra-se o
Triste Bahia
Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote*.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
Gregório de Matos.
*provável referência aos ingleses (British)
Triste Bahia
Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote*.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
Gregório de Matos.
*provável referência aos ingleses (British)
Gabarito comentado
Gabarito Comentado – Interpretação de Texto (Barroco):
Tema central: Interpretação de texto com ênfase em figuras de linguagem e características do Barroco, como o jogo de oposições semânticas (antítese) e paralelismo sintático.
Justificativa para a alternativa correta – Letra B:
A alternativa B fala do “estabelecimento de um jogo de oposições semânticas (...), pelo espelhamento mútuo do poeta e da Bahia”. Isso é visível nos versos que opõem passado e presente (“Triste Bahia! ó quão dessemelhante estás e estou do nosso antigo estado!”), além da comparação direta entre a decadência do eu-lírico e da cidade. Segundo Bechara e Cunha & Cintra, o Barroco explora intensamente contrastes (antítese e paradoxos) e paralelismos sintáticos, reforçando os conflitos centrais (exemplo: “Rica te vi eu já, tu a mi abundante”). Logo, a alternativa B reflete com precisão a técnica barroca empregada.
Análise crítica das alternativas incorretas:
A) Exagera ao atribuir vocabulário excessivamente erudito ao poema. Apesar de uma ou outra expressão rebuscada, predomina a clareza e o contraste, não a escolha de palavras raras.
C) Incorre ao afirmar obscuridade semântica: o poema é direto na exposição de suas críticas e contrastes, nada hermético.
D) Refere-se à dualidade religiosa versus materialismo, aspecto do Barroco, porém, não é o foco deste texto, que trata da decadência econômica/social em oposição ao passado.
E) O “fugere urbem” (fuga à cidade) não aparece. O texto discute a mudança na Bahia, não a fuga do espaço urbano, focando na crítica à transformação mercantil.
Estratégia de resolução: Ao interpretar textos poéticos barrocos, procure identificar antíteses, paradoxos e paralelismos, que revelam contrastes e conflitos. Observe palavras de oposição (triste/rica, pobre/abundante) e estruturas repetidas, pistas claras desses recursos.
Resumo: A alternativa B é a correta, pois o poema constrói contrastes entre o eu e a cidade, típico do Barroco. Conheça bem as principais figuras de linguagem e características dos movimentos literários!
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