Questão 373fa1c0-ff
Prova:UEMG 2019
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Um samba no Bixiga

(Adoniran Barbosa)


Domingo nós fumo num samba no Bixiga

Na rua major, na casa do Nicola

À mezza notte o'clock

Saiu uma baita duma briga

Era só pizza que avuava junto com as brachola


Na hora "h" se enfiemo debaixo da mesa

Fiquemo ali, que beleza, vendo o Nicola brigá

Dali a pouco escutemo a patrulha chegá

E o sargento Oliveira falá:

“Num tem importância.

Foi chamada as ambulância.

Carma, pessoal.

A situação aqui está muito cínica.

Os mais pior vai pras Clínica”.

(http://goo.gl/na7dJ. Acesso: 24/12/2012. Adaptado.)


Para que a fala do sargento Oliveira seja apropriada à sua imagem social e ao seu papel na situação em questão, ela deve ser formulada do seguinte modo:

A
“Não há motivo para desespero. As ambulâncias foram chamadas. Calma, pessoal. A situação aqui está caótica. Os feridos vão para as Clínicas”.
B
“Não precisa se aperrear. Já chamemo as imbulância. Sussegue, minha gente. Esse quiprocó está um istôro só. Os borocoxô vai pras Crínica”.
C
“Não tem perrepes. Já vai chegar o carango do hospital. Sossega, todo mundo! A muvuca aqui está bombando. Os estropiados vão para as Clínicas”.
D
“Sem neura. Já dei um toque nas ambulâncias. Fica na paz, galera. Esse lance está ficando muito zoado. Os sequelados vão para a Clínica”.

Gabarito comentado

P
Paula SilvaMonitor do Qconcursos

Comentário – Interpretação e Variação Linguística

Tema central: A questão avalia a habilidade de identificar adequação da linguagem ao contexto, ou seja, saber distinguir registro formal e informal e aplicar corretamente a norma-padrão conforme a função social do falante e da situação.

Segundo as gramáticas de referência (Cunha & Cintra; Bechara), o registro formal é obrigatório em situações oficiais, públicas e institucionais. Profissões como a de sargento da polícia exigem linguagem impessoal, clara e respeitosa – conforme também observado no Manual de Redação da Presidência da República.

Justificativa da alternativa correta (A):

“Não há motivo para desespero. As ambulâncias foram chamadas. Calma, pessoal. A situação aqui está caótica. Os feridos vão para as Clínicas.”

Essa resposta usa frases completas, verbos devidamente conjugados e vocabulário condizente com o padrão culto da língua (“desespero”, “foram chamadas”, “caótica”, “feridos”). O tom transmite autoridade, seriedade e neutralidade, adequando-se ao papel do sargento perante o público e ao contexto de emergência.

Análise das alternativas incorretas:

B, C e D apresentam gírias, regionalismos e desvios gramaticais (“sussegue”, “imbulância”, “carango”, “galera”, entre outros), típicos da fala informal, familiar ou caricata, incompatível com a função pública e o cenário oficial.

  • B: Usa termos informais – “aperrear”, “imbulância”, “quiprocó”, incompatíveis com a autoridade policial.
  • C: Traz gírias – “carango”, “muvuca”, além de informalidade excessiva (“estropiados”).
  • D: Linguagem jovem/gírias contemporâneas (“zoado”, “fica na paz”, “galera”), destoando do padrão que se espera de um representante do poder público.

Essas opções, embora criativas e apropriadas para o registro coloquial, não se encaixam no contexto comunicativo proposto pela função e pela situação.

Estratégia para futuros exames:

Em provas, observe o papel social do emissor e o ambiente da comunicação. Sempre que exigido registro formal, elimine alternativas com gírias, regionalismos, abreviações ou erros gramaticais.

Referências: Cunha & Cintra, Bechara (Gramática), Manual de Redação da Presidência.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo