O neoliberalismo, como a última das revoluções burguesas, foi decisivo na conquista da cidadania, ao consolidar os direitos da sociedade civil, permitindo, por exemplo, que as mulheres usufruíssem, em 1930, na França e na Inglaterra, do sufrágio universal.

Resposta: E — Errado

Por que a afirmação está errada?

A frase associa a conquista da cidadania política (ex.: voto feminino em França e Inglaterra em 1930) ao neoliberalismo e o descreve como a “última das revoluções burguesas”. Isso contém dois erros centrais: cronológico e conceitual.

1) Erro cronológico/factual: o sufrágio feminino no Reino Unido e na França não ocorreu em 1930. No Reino Unido houve avanço em 1918 (Representation of the People Act — voto para mulheres com mais de 30) e igualdade plena em 1928 (Equal Franchise Act). Na França, o sufrágio feminino só foi aprovado em 1944 (ordonnance de 21 avril 1944; primeiras eleições em 1945).

2) Erro conceitual/causal: o neoliberalismo é um conjunto de políticas econômicas e de ideologia (décadas de 1970–90: Thatcher, Reagan, desregulamentação, privatizações). Ao contrário de ampliar direitos civis/eleitorais, frequentemente promoveu redução do Estado de bem‑estar e flexibilização das proteções sociais. As conquistas de cidadania política do século XIX e início do XX resultaram de lutas operárias, feministas e democratizantes e de reformas liberais e social‑democratas, não de um projeto neoliberal (ver, por exemplo, David Harvey, A Brief History of Neoliberalism, 2005).

Fontes/Referências rápidas: Representation of the People Act (UK, 1918); Equal Franchise Act (UK, 1928); Ordonnance du 21 avril 1944 (França); David Harvey, A Brief History of Neoliberalism (2005); entradas enciclopédicas sobre neoliberalismo.

Dica de interpretação para provas: cheque datas e sujeitos históricos; desconfie de frases que juntam termos anacrônicos (ex.: associar neoliberalismo a conquistas eleitorais de 1918–1944); procure palavras absolutas como “última” ou “decisivo” — são comuns em pegadinhas.

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