Uma estratégia comum dos regimes autoritários para ganhar legitimidade consiste em promover símbolos e heróis que possam ser identificados com o orgulho nacional e o culto dos valores patrióticos. Sob essa perspectiva, assinale a façanha esportiva que o governo do general Médici (1969-1974) utilizou para assegurar maior popularidade a sua gestão, no contexto da ditadura militar.

Resposta correta: Alternativa B

Tema central: o enunciado avalia a relação entre regimes autoritários e o uso de conquistas esportivas como instrumento de legitimação. É necessário identificar qual façanha esportiva ocorreu e foi explorada pelo governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969–1974).

Resumo teórico breve: regimes autoritários costumam instrumentalizar símbolos nacionais (heroísmo, seleções, vitórias) para construir consenso e desviar atenção de repressão e crises. No Brasil, a ditadura militar fez amplo uso da propaganda estatal, associando-se a episódios de prestígio internacional — sobretudo a Copa do Mundo de 1970 — como forma de criar sentimento de unidade e orgulho (ver Skidmore; Dreifuss).

Por que a alternativa B é correta: a seleção brasileira conquistou a Copa do Mundo de 1970, no México — vitória histórica e amplamente celebrada no país. O governo Médici explorou essa conquista em sua propaganda oficial para reforçar uma imagem de estabilidade e glória nacional, vinculando a administração ao "triunfo" do país (reportagens, celebrações públicas e imagens oficiais passaram a associar Estado e seleção).

Análise das alternativas incorretas:

A – Emerson Fittipaldi: foi campeão mundial de Fórmula 1 em 1972 e 1974; venceu Indianapolis 500 apenas em 1989. A alternativa fala em "Fórmula Indy" e dá a entender título nesse certame durante o período, o que é inexato e não corresponde à façanha explorada pelo governo Médici.

C – Adhemar Ferreira da Silva: bicampeão olímpico no salto triplo em 1952 e 1956 — conquistas da década de 1950, bem anteriores ao governo Médici, logo não foram instrumento de legitimação naquele período.

D – Maria Esther Bueno: grande tenista brasileira com títulos importantes nas décadas de 1950/60 (Wimbledon no final dos anos 50), não foi uma conquista do período 1969–1974 utilizada como principal símbolo pelo governo Médici.

E – Seleção de basquete: o Brasil venceu mundiais em 1959 e 1963; não houve título mundial na Iugoslávia no período do Médici que justificasse o uso propagandístico apontado.

Estratégia de prova: atente ao recorte temporal do enunciado (1969–1974). Ao ver “ditadura militar” + “Médici”, lembre imediatamente da Copa de 1970. Use esse filtro cronológico para eliminar alternativas com datas/acontecimentos fora do período.

Fontes recomendadas: Thomas Skidmore, The Politics of Military Rule in Brazil, 1964–1985; René Dreifuss, 1964: A Conquista do Estado; Graziano Bocketti, The Invention of the Brazilian Football Nation (para relação entre futebol e identidade nacional).

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