Questão 33b58962-3f
Prova:PUC - RS 2012
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 37, leia os excertos da crônica “Armando Nogueira, futebol e eu, coitada”, de Clarice Lispector, e as afirmativas.


“E o título sairia muito maior, só que não caberia numa única linha. Não leio todos os dias Armando Nogueira – embora todos os dias dê pelo menos uma espiada rápida – porque “meu futebol” não dá pra entender tudo. Se bem que Armando escreve tão bonito (não digo apenas “bem”), que às vezes, atrapalhada com a parte técnica de sua crônica, leio só pelo bonito. (...) Armando dizia: “De bom grado eu trocaria a vitória de meu time num grande jogo por uma crônica…” e aí vem o surpreendente: continua dizendo que trocaria tudo isso por uma crônica minha sobre futebol.
(...)
Meu primeiro impulso foi o de uma vingança carinhosa: dizer aqui que trocaria muita coisa que me vale muito por uma crônica de Armando Nogueira sobre digamos a vida. Aliás, meu primeiro impulso, já sem vingança, continua: desafo você, Armando Nogueira, a perder o pudor e escrever sobre a vida e você mesmo (...).
E agora vou contar o pior: fora as vezes que vi por televisão, só assisti a um jogo de futebol na vida, quero dizer, de corpo presente. Sinto que isso é tão errado como se eu fosse uma brasileira errada.
(...) Não, não imagine que vou dizer que futebol é um verdadeiro balé. Lembrou-me foi uma luta entre vida e morte, como de gladiadores. E eu – provavelmente coitada de novo – tinha a impressão de que a luta só não saía das regras do jogo e se tornava sangrenta porque um juiz vigiava, não deixava, e mandaria para fora de campo quem como eu faria, se jogasse (!). Bem, por mais amor que eu tivesse por futebol, jamais me ocorreria jogar… Ia preferir balé mesmo. Mas futebol parecer-se com balé? O futebol tem uma beleza própria de movimentos que não precisa de comparações.”


A crônica “Armando Nogueira, futebol e eu, coitada”


1. sugere uma disputa carinhosa entre derrotas e sucessos do ato de escrever, metaforizado como jogo de palavras.

2. mostra que a cronista às vezes aprecia mais o estilo do que o conteúdo dos textos de Armando Nogueira.

3. revela uma narradora que nada sabe sobre futebol, considerando essa alienação como algo natural.

4. aponta semelhanças entre os movimentos do futebol e os do balé.


Estão corretas apenas as afrmativas

A
1 e 2
B
1 e 3.
C
1 e 4.
D
2 e 4
E
2, 3 e 4.

Gabarito comentado

Verônica FerreiraProfessora de Português

A disputa entre vitórias e derrotas no ato de escreve é evidente no primeiro parágrafo, em que a escritora explicita o ato de escrever algo que não conhece contra o estilo literário de escrita do colega Armando Nogueira. Ela gosta mais do ato de escrever “tão bonito” de Armando (vide linha 5), ou seja, o estilo, do que o conteúdo em si. Ela considera o fato de não saber futebol como quase não ser brasileira, o que demonstra a opinião da autora sobre o futebol, como algo intrínseco à cultura brasileira. Para ela, o futebol não precisa de comparações (vide a última oração do fragmento).


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