Questão 3346fa1d-d8
Prova:EINSTEIN 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No trecho do romance, o filho

     – Meu coração está apertado de ver tantas marcas no teu rosto, meu filho; essa é a colheita de quem abandona a casa por uma vida pródiga.

– A prodigalidade também existia em nossa casa.

– Como, meu filho?

– A prodigalidade sempre existiu em nossa mesa.

– Nossa mesa é comedida, é austera, não existe desperdício nela, salvo nos dias de festa.

– Mas comemos sempre com apetite.

– O apetite é permitido, não agrava nossa dignidade, desde que seja moderado.

– Mas comemos até que ele desapareça; é assim que cada um em casa sempre se levantou da mesa.

– É para satisfazer nosso apetite que a natureza é generosa, pondo seus frutos ao nosso alcance, desde que trabalhemos por merecê-los. Não fosse o apetite, não teríamos forças para buscar o alimento que torna possível a sobrevivência. O apetite é sagrado, meu filho.

– Eu não disse o contrário, acontece que muitos trabalham, gemem o tempo todo, esgotam suas forças, fazem tudo que é possível, mas não conseguem apaziguar a fome.

– Você diz coisas estranhas, meu filho.


(Lavoura arcaica, 2001.)

A
acusa o pai por tê-lo impedido de abandonar a casa
B
é censurado pelo pai por ter partido em busca de uma vida pródiga.
C
discorda da opinião do pai de que o apetite é sagrado.
D
repreende o pai por ter sacralizado o apetite.
E
é repreendido pelo pai por não ter se empenhado o suficiente no trabalho.

Gabarito comentado

C
Carolina BarbosaMonitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de Texto – análise de relações e sentimentos em diálogo literário.

Na questão, o foco avaliativo está na capacidade de interpretar o sentido do diálogo entre pai e filho, compreendendo as relações familiares e o julgamento moral inserido nas falas. A resposta exige especial atenção ao subtexto e à análise de expressões-chave, conforme abordado por Cunha & Cintra e Bechara.

Justificativa da alternativa correta (B):

Logo no início, o pai afirma: “essa é a colheita de quem abandona a casa por uma vida pródiga”. Pela norma-padrão e pela semântica, “vida pródiga” significa uma existência esbanjadora, de excessos. A expressão do pai implica julgamento e uma censura ao filho por sua escolha de vida.

O conceito de “censura” aqui está atrelado à crítica clara e velada feita pelo pai, conforme orienta a Nova Gramática do Português Contemporâneo. O filho é, portanto, censurado – ou seja, repreendido – por ter saído em busca de uma vida de excesso (“pródiga”), o que justifica plenamente a alternativa B como correta.

Análise das alternativas incorretas:

A) Não há no texto qualquer acusação do filho ao pai acerca de impedimento de abandonar a casa. O foco está sempre na justificativa do pai e na argumentação do filho, mas nunca em uma acusação neste sentido.

C) Embora discuta o apetite, o filho não discorda da sacralidade atribuída a ele pelo pai; ele apenas expõe uma realidade social diferente, sem negar o argumento paterno.

D) Não há reprovação do filho ao pai por sacralizar o apetite. O filho não repreende, apenas dialoga e contrapõe experiências.

E) Em nenhum momento o pai repreende o filho por falta de trabalho ou empenho. O argumento gira em torno dos efeitos de uma vida de excessos, não de preguiça ou falta de esforço.

Dica de interpretação: Atenção aos verbos de julgamento e aos sentidos subentendidos nas relações familiares. Termos como “colheita” e “vida pródiga” sugerem consequências negativas e crítica indireta.

Resumo: Para acertar questões desse tipo, procure identificar palavras-chave e relações, faça a leitura de inferências e nunca se prenda apenas ao que está dito literalmente.

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