Assinale a alternativa correta em relação ao texto.
Os dois amigos se encontram, para um dia de pescaria. Um deles estranha a “bagagem” do outro:
– Ô cumpade, pra mode quê tá levano esses dois embornal? Tudo é isca?
– Não... É que tô levano uma pingazinha, cumpade.
– Pinga, cumpade? Nóis num tinha acertado que num ia bebê mais?!
– Cumpade, é que pode aparecê uma cobra e picá a gente. Aí nóis desinfeta com a pinga e toma uns gole, que é pra mode num sinti a dô.
– É... e na outra sacola, o que cê tá levano?
– É a cobra, cumpade. Pode num tê lá...
Os dois amigos se encontram, para um dia de pescaria. Um deles estranha a “bagagem” do outro:
– Ô cumpade, pra mode quê tá levano esses dois embornal? Tudo é isca?
– Não... É que tô levano uma pingazinha, cumpade.
– Pinga, cumpade? Nóis num tinha acertado que num ia bebê mais?!
– Cumpade, é que pode aparecê uma cobra e picá a gente. Aí nóis desinfeta com a pinga e toma uns gole, que é pra mode num sinti a dô.
– É... e na outra sacola, o que cê tá levano?
– É a cobra, cumpade. Pode num tê lá...
Gabarito comentado
Tema central: Variação Linguística e respeito à legitimidade das variedades regionais no português. A questão exige interpretação do texto à luz desse conceito, muito importante em provas de vestibular e concursos.
Justificativa da alternativa correta (D):
O diálogo evidencia uma variedade linguística regional, marcada por formas e expressões típicas de determinada região ou grupo social, como “levano”, “pingazinha” e “num tê lá”. Segundo a norma padrão, essas formas seriam consideradas "não padrão", mas vale lembrar que, pela linguística atual e pelas gramáticas de referência (Bechara, Cunha & Cintra), toda variação linguística é legítima e cumpre papel comunicativo essencial.
Portanto, a alternativa D está correta por afirmar que essa modalidade do texto é tão legítima quanto a norma padrão, valorizando a diversidade sociocultural dos falantes. O texto cumpre sua função comunicativa, mostrando que, em linguagem, não há hierarquia de valor, mas adequação ao contexto.
Por que as demais estão erradas?
A) Preconceito linguístico: Dizer que a linguagem evidencia ignorância não está correto. Segundo Evanildo Bechara, considerar o falar popular ou regional "inferior" reforça um preconceito sem fundamento linguístico. Não existe forma inferior de falar, mas diferentes formas, todas válidas.
B) Reduzir a linguagem regional apenas à função humorística deturpa seu valor. Embora aqui haja humor, a variação não serve só para rir: ela expressa identidade e legitimidade.
C) Errado afirmar que o texto não pode ser considerado “texto” por fugir à norma padrão. Texto é qualquer produção linguística com sentido, independentemente da variante empregada (norma culta ou não), como explicam Cunha & Cintra.
Estratégia para futuras questões:
Sempre observe o contexto de produção e a intenção comunicativa dos textos. Não confunda “legitimidade” com “adequação”: uma variante pode ser legítima em contextos informais e não em documentos oficiais, mas isso não a torna errada!
Resumo: O principal aprendizado aqui é reconhecer e respeitar a riqueza e diversidade do português, considerando todas as modalidades linguísticas legítimas, conforme as gramáticas modernas e a linguística descritiva.
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