Questão 31056797-57
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Por que o Brasil continuou um só enquanto a América espanhola se dividiu em
vários países?
Para o historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, no Brasil, parte da sociedade
era muito mais coesa ideologicamente do que a espanhola. Carvalho argumenta que isso
se deveu à tradição burocrática portuguesa. “Portugal nunca permitiu a criação de
universidades em sua colônia”. Por outro lado, na América espanhola, entre 1772 e 1872,
150 mil estudantes se formaram em universidades locais. Para o historiador mexicano
Alfredo Ávila Rueda, as universidades na América espanhola eram, em sua maioria,
reacionárias. Nesse sentido, o historiador mexicano diz acreditar que a livre circulação de
impressos (jornais, livros e panfletos) na América espanhola, que não era permitida na
América portuguesa (a proibição só foi revertida em 1808), teve função muito mais
importante na construção de regionalismos do que propriamente as universidades.
BARRUCHO, L. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 8 set. 2019 (adaptado).
Os pontos de vista dos historiadores referidos no texto são divergentes em relação ao
Por que o Brasil continuou um só enquanto a América espanhola se dividiu em
vários países?
Para o historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, no Brasil, parte da sociedade
era muito mais coesa ideologicamente do que a espanhola. Carvalho argumenta que isso
se deveu à tradição burocrática portuguesa. “Portugal nunca permitiu a criação de
universidades em sua colônia”. Por outro lado, na América espanhola, entre 1772 e 1872,
150 mil estudantes se formaram em universidades locais. Para o historiador mexicano
Alfredo Ávila Rueda, as universidades na América espanhola eram, em sua maioria,
reacionárias. Nesse sentido, o historiador mexicano diz acreditar que a livre circulação de
impressos (jornais, livros e panfletos) na América espanhola, que não era permitida na
América portuguesa (a proibição só foi revertida em 1808), teve função muito mais
importante na construção de regionalismos do que propriamente as universidades.
BARRUCHO, L. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 8 set. 2019 (adaptado).
Os pontos de vista dos historiadores referidos no texto são divergentes em relação ao
A
papel desempenhado pelas instituições de ensino na criação das múltiplas
identidades.
B
controle exercido pelos grupos de imprensa na centralização das esferas
administrativas.
C
abandono sofrido pelas comunidades de docentes na concepção de coletividades
políticas.
D
lugar ocupado pelas associações de acadêmicos no fortalecimento das
agremiações estudantis.
E
protagonismo assumido pelos meios de comunicação no desenvolvimento das
nações alfabetizadas.
Gabarito comentado
Eulália FerreiraEx-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ)
A diferença entre os processos de emancipação política da América espanhola e portuguesa é maior que o fato de as colônias espanholas terem se tornado repúblicas e a colônia portuguesa, uma monarquia. Partindo dessa premissa, podemos notar que essa diferença nos apresenta condições peculiares para que seus processos emancipatórios tenham ocorrido.
O Brasil tinha a sua administração centralizada e altamente burocratizada, o que fazia com que Portugal tivesse maior controle sobre sua administração.
No Caso das colônias espanholas, a vastidão da sua extensão territorial, não permitiu grande comunicação entre seus vice-reinos e capitanias, corroborando para que as lideranças locais tomassem a dianteira de seus movimentos políticos. A centralização portuguesa controlava sua colônia ao ponto de sua independência ter sido capitaneada pelo príncipe herdeiro do trono português, D. Pedro. No caso espanhol, as lideranças criollas saltaram num movimento republicano pregando autonomia política e econômica, mas unidos na luta pela emancipação.
Essa questão tem como tema as independências das colônias americanas.
O estudante para responder essa questão deve saber se atentar especificamente aos casos emancipatórios espanhol e português e compará-los em suas principais características.
A) CORRETA – Essa alternativa está correta, pois a administração portuguesa impôs ao Brasil uma série de restrições que impedia que a colônia desenvolvesse alguma autonomia, fosse econômica ou intelectual. Nesse sentido, o desenvolvimento de universidades em colônias espanholas fortaleceu o pensamento crítico sobre sua administração metropolitana, ganhando escopo entre a classe criolla que liderou o processo de independência.
B) INCORRETA – Essa alternativa está incorreta, pois não há divergência entre os autores sobre ter havido maior circulação panfletária dentro das colônias espanholas. Ocorreu também nas regiões do Brasil, mesmo que de forma clandestina, fomentando a organização de revoltas coloniais.
C) INCORRETA – Essa alternativa está incorreta, pois havia uma comunidade docente em ambas as regiões coloniais. Principalmente se levarmos em consideração que a instituição que cuidava do letramento e catequização da população era a Igreja Católica em ambos os casos.
D) INCORRETA – Essa alternativa está incorreta, pois se levarmos em consideração a origem social e econômica dos estudantes universitários nas colônias espanholas, veremos que são predominantemente criolla. Os criollos eram membros de uma elite colonial, assim como os membros da elite colonial portuguesa que rumavam à Portugal para estudar nas universidades.
E) INCORRETA – Essa alternativa está incorreta, pois os meios de comunicação possuíam diferentes liberdades para difundir informação através do território colonial. No caso brasileiro, por exemplo, isso se dava de forma praticamente clandestina à medida que a imprensa não era livre.
Gabarito do Professor: Letra A.