Um fluxo intenso de mudanças, atingindo todos os níveis da experiência social, transformou o cotidiano das populações urbanas do ocidente, marcado pelo desenvolvimento e uso da eletricidade, do petróleo, da siderurgia e pelos avanços dos transportes, das comunicações e da medicina. No ritmo dessas mudanças, surgiram os grandes complexos industriais e as metrópoles modernas, nas quais se observa uma nova temporalidade, marcada pelo ritmo de produção das máquinas, pela racionalização dos usos do tempo, com a implantação de relógios em espaços públicos.

(SEVCENKO, Nicolau. Introdução. In: NOVAIS, Fernando (org.). História da Vida Privada no Brasil. Vol.III. São Paulo: Cia. das Letras, 1998). Adaptado.

O contexto internacional da Revolução Técnico-Científica ao qual o texto se refere está relacionado à mudança institucional e à recomposição social e política da sociedade brasileira no período

Resposta correta: Alternativa A — da Proclamação da República.

Tema central: o enunciado descreve a difusão da Segunda Revolução Industrial (eletricidade, petróleo, siderurgia, transportes, comunicações) e a transformação do tempo social nas cidades — fenômenos que acompanharam a urbanização e a modernização do Brasil ao final do século XIX e início do XX. Para responder, é preciso ligar essas mudanças tecnotecnológicas ao momento institucional e à recomposição social no país.

Resumo teórico: a Segunda Revolução Industrial (final do século XIX) espalhou novas fontes de energia e formas de produção. No Brasil, esse processo coincidiu com a expansão urbana, chegada de imigrantes, formação de uma burguesia industrial e a necessidade de novos instrumentos de poder e administração — fatores que dialogaram com a transição da monarquia para a república (1889), quando se instituiu um novo projeto político e modernizador (ver Sevcenko; Novais).

Justificativa da alternativa A: a Proclamação da República (1889) marca o momento em que o país passa por rápidas transformações urbanas e tecnológicas: instalação de iluminação elétrica em grandes centros, expansão de bondes e ferrovias, relógios públicos e outras rotinas sincronizadas pela lógica industrial. Essas mudanças produziram nova temporalidade e reorganização social (burguesia urbana, operariado, elites café-com-leite) compatíveis com o texto citado (Sevcenko; Novais).

Análise das alternativas incorretas:

B — Pós-Revolução de 1930: embora 1930 e o governo Vargas intensifiquem a industrialização e o papel do Estado no desenvolvimento (substituição de importações), trata-se de uma etapa posterior de industrialização estatal. O texto descreve a emergência inicial da modernidade urbana, anterior a 1930.

C — Golpe do Estado Novo (1937): refere-se a um regime autoritário específico; não é o ponto de partida da modernização tecnológica descrita — que já estava em curso desde fins do século XIX.

D — Golpe Civil-Militar de 1968: erro cronológico e de natureza: o AI‑5 e o regime militar intensificaram tecnocratização em alguns setores, mas as transformações urbanas e a “nova temporalidade” mencionadas pertencem a fase bem mais antiga.

Estratégia para provas: identifique marcadores temporais (eletricidade, relógios públicos, siderurgia) e relacione-os à cronologia histórica. Se aparecerem termos como “nova temporalidade” e “implantação de relógios”, pense na urbanização da virada do século XIX/XX e não em regimes posteriores.

Fontes indicadas: Nicolau Sevcenko, Introdução em História da Vida Privada no Brasil, vol. III; José Murilo de Carvalho e Boris Fausto (síntese sobre República e urbanização).

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