Questão 2e011ce0-d8
Prova:
Disciplina:
Assunto:
No excerto, diz o narrador que Aristarco “mineralizava-se todo”, via-se mudado, de ser vivo, em
elemento mineral. Processos de mineralização são também centrais na caracterização da principal
personagem feminina do romance
No excerto, diz o narrador que Aristarco “mineralizava-se todo”, via-se mudado, de ser vivo, em
elemento mineral. Processos de mineralização são também centrais na caracterização da principal
personagem feminina do romance
Depois de uma parte de concerto, que foi como descanso reparador, seguiu-se a oferta do
busto. Teve a palavra o Professor Venâncio.
(...)
O orador acumulou paciente todos os epítetos de engrandecimento, desde o raro metal da
sinceridade até o cobre dúctil, cantante das adulações. Fundiu a mistura numa fogueira de calorosas
ênfases, e sobre a massa bateu como um ciclope, longamente, até acentuar a imagem monumental
do diretor.
Aristarco depois do primeiro receio esquecia-se na delícia de uma metamorfose. Venâncio era
o seu escultor.
A estátua não era mais uma aspiração: batiam-na ali. Ele sentia metalizar-se a carne à
medida que o Venâncio falava. Compreendia inversamente o prazer de transmutação da matéria
bruta que a alma artística penetra e anima: congelava-lhe os membros uma frialdade de ferro; à
epiderme, nas mãos, na face, via, adivinhava reflexos desconhecidos de polimento. Consolidavam-se
as dobras das roupas em modelagem resistente e fixa. Sentia-se estranhamente maciço por dentro,
como se houvera bebido gesso. Parava-lhe o sangue nas artérias comprimidas. Perdia a sensação da
roupa; empedernia-se, mineralizava-se todo. Não era um ser humano: era um corpo inorgânico,
rochedo inerte, bloco metálico, escória de fundição, forma de bronze, vivendo a vida exterior das
esculturas, sem consciência, sem individualidade, morto sobre a cadeira, oh, glória! Mas feito estátua.
“Coroemo-lo!” bradou de súbito Venâncio.
Raul Pompeia, O Ateneu
Depois de uma parte de concerto, que foi como descanso reparador, seguiu-se a oferta do
busto. Teve a palavra o Professor Venâncio.
(...)
O orador acumulou paciente todos os epítetos de engrandecimento, desde o raro metal da
sinceridade até o cobre dúctil, cantante das adulações. Fundiu a mistura numa fogueira de calorosas
ênfases, e sobre a massa bateu como um ciclope, longamente, até acentuar a imagem monumental
do diretor.
Aristarco depois do primeiro receio esquecia-se na delícia de uma metamorfose. Venâncio era o seu escultor.
A estátua não era mais uma aspiração: batiam-na ali. Ele sentia metalizar-se a carne à medida que o Venâncio falava. Compreendia inversamente o prazer de transmutação da matéria bruta que a alma artística penetra e anima: congelava-lhe os membros uma frialdade de ferro; à epiderme, nas mãos, na face, via, adivinhava reflexos desconhecidos de polimento. Consolidavam-se as dobras das roupas em modelagem resistente e fixa. Sentia-se estranhamente maciço por dentro, como se houvera bebido gesso. Parava-lhe o sangue nas artérias comprimidas. Perdia a sensação da roupa; empedernia-se, mineralizava-se todo. Não era um ser humano: era um corpo inorgânico, rochedo inerte, bloco metálico, escória de fundição, forma de bronze, vivendo a vida exterior das esculturas, sem consciência, sem individualidade, morto sobre a cadeira, oh, glória! Mas feito estátua.
“Coroemo-lo!” bradou de súbito Venâncio.
Aristarco depois do primeiro receio esquecia-se na delícia de uma metamorfose. Venâncio era o seu escultor.
A estátua não era mais uma aspiração: batiam-na ali. Ele sentia metalizar-se a carne à medida que o Venâncio falava. Compreendia inversamente o prazer de transmutação da matéria bruta que a alma artística penetra e anima: congelava-lhe os membros uma frialdade de ferro; à epiderme, nas mãos, na face, via, adivinhava reflexos desconhecidos de polimento. Consolidavam-se as dobras das roupas em modelagem resistente e fixa. Sentia-se estranhamente maciço por dentro, como se houvera bebido gesso. Parava-lhe o sangue nas artérias comprimidas. Perdia a sensação da roupa; empedernia-se, mineralizava-se todo. Não era um ser humano: era um corpo inorgânico, rochedo inerte, bloco metálico, escória de fundição, forma de bronze, vivendo a vida exterior das esculturas, sem consciência, sem individualidade, morto sobre a cadeira, oh, glória! Mas feito estátua.
“Coroemo-lo!” bradou de súbito Venâncio.
Raul Pompeia, O Ateneu
A
Senhora, de José de Alencar.
B
Quincas Borba, de Machado de Assis.
C
O cortiço, de Aluísio Azevedo.
D
Macunaíma, de Mário de Andrade.
E
São Bernardo, de Graciliano Ramos.