Para defender seu ponto de vista acerca da
influência da internet, a autora
Posto, logo existo
Continuam a pipocar debates sobre as
consequências de se passar tanto tempo
conectado à internet. Já se fala em saturação
social: tão preocupadas em existir para os
outros, as pessoas estão perdendo um tempo
valioso em que poderiam estar vivendo,
cercadas não por milhares de seguidores, mas
por umas poucas dezenas de amigos. Isso não
pode ter se tornado tão obsoleto.
Claro que muita gente usa as redes
sociais como uma forma de aproximação
e de compartilhamento — numa boa. Se a
pessoa está no controle do seu tempo e não
troca o real pelo virtual, está fazendo bom uso
da ferramenta. Mas há pessoas que não se
sentem com a existência comprovada, e, para
isso, se valem de bizarrices na esperança de
deixarem de ser “ninguém” para se tornarem
“alguém”, mesmo que alguém medíocre.
Esses casos estão aí, ao nosso redor. Gente
que não percebe a diferença entre existir e viver
não entende que é preferível viver, mesmo que
discretamente, do que existir de mentirinha
para 17 870 que não estão nem aí.
MEDEIROS, M. Revista O Globo, 10 jun. 2012.
Posto, logo existo
Continuam a pipocar debates sobre as consequências de se passar tanto tempo conectado à internet. Já se fala em saturação social: tão preocupadas em existir para os outros, as pessoas estão perdendo um tempo valioso em que poderiam estar vivendo, cercadas não por milhares de seguidores, mas por umas poucas dezenas de amigos. Isso não pode ter se tornado tão obsoleto.
Claro que muita gente usa as redes sociais como uma forma de aproximação e de compartilhamento — numa boa. Se a pessoa está no controle do seu tempo e não troca o real pelo virtual, está fazendo bom uso da ferramenta. Mas há pessoas que não se sentem com a existência comprovada, e, para isso, se valem de bizarrices na esperança de deixarem de ser “ninguém” para se tornarem “alguém”, mesmo que alguém medíocre.
Esses casos estão aí, ao nosso redor. Gente que não percebe a diferença entre existir e viver não entende que é preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha para 17 870 que não estão nem aí.
MEDEIROS, M. Revista O Globo, 10 jun. 2012.