Analisando os dois textos, conclui-se que eles
TEXTO I
As cores da desigualdade
De mãe preta e pai branco, ela se considera parda. Quando sai com sua filha, de pele bem
branca e cabelos claros, muitas vezes é tratada por estranhos como a babá da criança. Certo
dia, estava no mercado e reprimiu a filha por uma pirraça. Foi, então, abordada por uma senhora,
que disse: “A mãe da menina sabe que você fala com ela assim?”.
GOMES, I.; MARLI, M. Retratos: a revista do IBGE, n. 11, maio 2018 (adaptado).
TEXTO II
Incidente na raiz
Jussara pensa que é branca. Nunca lhe disseram o contrário.
Nem o cartório. No cabelo crespo deu um jeito. Produto químico e fim! Ficou esvoaçante e submetido diariamente a uma drástica auditoria no couro cabeludo para evitar que as raízes pusessem as manguinhas de fora. Qualquer indício, munia-se de pasta alisante, ferro e outros que tais e...
Lá um dia, veio alguém com a notícia de “alisamento permanente”. [...]
Fez um sacrifício nas economias, protelou o sonho da plástica e submeteu-se.
Com as queimaduras químicas na cabeça, foi internada às pressas, depois de alguns espasmos e desmaios.
Na manhã seguinte, ao abrir com dificuldade os olhos, no leito do hospital, um enfermeiro crioulo perguntou-lhe:
Tá melhor, nêga?
Ela desmaiou de novo.
SILVA, L. Cuti: contos escolhidos. Rio de Janeiro: Malê, 2016.
TEXTO I
As cores da desigualdade
De mãe preta e pai branco, ela se considera parda. Quando sai com sua filha, de pele bem branca e cabelos claros, muitas vezes é tratada por estranhos como a babá da criança. Certo dia, estava no mercado e reprimiu a filha por uma pirraça. Foi, então, abordada por uma senhora, que disse: “A mãe da menina sabe que você fala com ela assim?”.
GOMES, I.; MARLI, M. Retratos: a revista do IBGE, n. 11, maio 2018 (adaptado).
TEXTO II
Incidente na raiz
Jussara pensa que é branca. Nunca lhe disseram o contrário.
Nem o cartório. No cabelo crespo deu um jeito. Produto químico e fim! Ficou esvoaçante e submetido diariamente a uma drástica auditoria no couro cabeludo para evitar que as raízes pusessem as manguinhas de fora. Qualquer indício, munia-se de pasta alisante, ferro e outros que tais e...
Lá um dia, veio alguém com a notícia de “alisamento permanente”. [...]
Fez um sacrifício nas economias, protelou o sonho da plástica e submeteu-se.
Com as queimaduras químicas na cabeça, foi internada às pressas, depois de alguns espasmos e desmaios.
Na manhã seguinte, ao abrir com dificuldade os olhos, no leito do hospital, um enfermeiro crioulo perguntou-lhe:
Tá melhor, nêga?
Ela desmaiou de novo.
SILVA, L. Cuti: contos escolhidos. Rio de Janeiro: Malê, 2016.