A ironia do fato narrado no poema manifestase na
Anedota búlgara
Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe contaram que também
se caçam borboletas e andorinhas
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.
ANDRADE, C. D. Alguma poesia. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.
Anedota búlgara
Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe contaram que também
se caçam borboletas e andorinhas
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.
ANDRADE, C. D. Alguma poesia. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.
Gabarito comentado
Tema da questão: Interpretação de texto – Ironia e crítica social.
Esta questão exige que você compreenda como a ironia está presente no poema "Anedota búlgara", de Carlos Drummond de Andrade. Para isso, é fundamental interpretar o sentido implícito e perceber a crítica feita pelo autor.
Estratégia para resolver: Leia atentamente, procurando por palavras-chave e marcadores de contraste (como “espantado”, “barbaridade”) que indicam juízo de valor ou surpresa. Repare também no comportamento dos personagens e no contexto da narrativa.
Explicação da alternativa correta:
A - representação do valor atribuído à vida humana.
Esta é a alternativa correta. O poema apresenta um czar que caçava pessoas como se fosse algo natural, mas se espanta ao saber que outros caçam borboletas e andorinhas, considerando isso uma "barbaridade". A ironia está justamente em valorizar a vida dos animais e achar normal caçar seres humanos. O texto critica, de forma sutil e irônica, o pouco valor dado à vida humana por alguns poderosos, invertendo a lógica do que seria realmente bárbaro.
Por que as demais alternativas estão erradas?
B - interpretação ambígua do significado de caça.
Essa opção sugere que o poema joga com diferentes sentidos para a palavra “caça”, mas isso não ocorre. O sentido de “caçar” é claro em todos os momentos: trata-se de perseguir e matar, seja humanos ou animais. Não há ambiguidade, mas sim contraste irônico entre os objetos da caça.
C - introdução característica de histórias infantis.
Apesar de o poema começar com “Era uma vez”, estrutura comum em contos infantis, isso é apenas um recurso para apresentar a narrativa. A ironia do texto não está nessa introdução, mas sim no contraste de valores apresentado ao longo do poema.
D - descrição de hábitos culturais inusitados.
O texto não está preocupado em descrever costumes diferentes de um povo, mas sim em criticar, de maneira irônica, a inversão de valores. O foco não é o hábito cultural, mas a crítica ao comportamento do czar.
Dica para provas: Sempre que o texto apresentar um contraste entre o que é dito e o que é feito, desconfie de ironia ou crítica implícita. Fique atento a palavras que mostram surpresa, julgamento ou inversão de valores.
Resumo: A alternativa correta é a A porque revela a ironia do poema: a valorização incoerente da vida animal em detrimento da vida humana, criticando a falta de humanidade do czar.
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