Questão 2cf5ca5f-a6
Prova:UEMG 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Texto I

Enquanto isso, você, leitor, juiz supremo, aceita ou rejeita a crônica, exercício permanente de semear fantasia e leveza para que, talvez, venha a colher alguma realidade. (“Miolos do ofício”, p.9).

Texto II

Uma vez mais, apelarei para a fantasia ao narrar. A ficção é o spa da realidade, na qual o fato precisa perder o peso e o estresse da hora. Após alguma reflexão, sobra a humanidade nua e crua – e isso é o que interessa. (“Sobre cavalos e homens”, p.65).

Texto III

Continuamos humanos há um milhão de anos e assim permaneceremos por longo tempo ainda. Para a paixão, milênios são marcas desprovidas de significado, e os corações a ela se submetem encantados. De quebra, as histórias resultantes nos encantam com suas aventuras e, sobretudo, desventuras. Os escritores se esbaldam. Literatura é a realidade sem riscos. (“Um milhão de anos de paixão”, p.73).

GIFFONI, L: O acaso abre portas. Belo Horizonte: Abacate, 2014.

Levando em consideração o contexto do livro, os fragmentos expressam uma concepção de crônica que

A
descreve a realidade com fidelidade aos fatos.
B
interpreta a realidade e livra-a dos perigos.
C
ameniza e metamorfoseia a realidade.
D
simula a realidade para falseá-la.

Gabarito comentado

A
Aurelio Castanho Mentor QconcursosMonitor do Qconcursos

Tema central: Esta questão avalia interpretação de texto, com foco no entendimento do gênero crônica e na relação entre realidade e fantasia. Saber interpretar informações implícitas e reconhecer intenções do autor são capacidades essenciais para esse tipo de questão, conforme orientam autores como Bechara e Pasquale.

Justificativa da alternativa correta (C):
O gênero crônica se caracteriza por abordar fatos cotidianos com leveza, criatividade e subjetividade. Os trechos apresentados destacam que o autor usa a fantasia e o distanciamento como formas de “amenizar” (tornar mais leve) e “metamorfosear” (transformar) a realidade. Frases como “exercício permanente de semear fantasia e leveza” e “a ficção é o spa da realidade” comprovam esse processo de suavização e transformação. O próprio Manual de Redação da Presidência da República destaca que a escolha dos recursos expressivos deve considerar o objetivo do texto e o público-alvo — e, no caso da crônica, isso se traduz em trazer mais lirismo e criatividade ao cotidiano.

Análise das alternativas incorretas:

A)Descreve a realidade com fidelidade aos fatos”. — Incorreta: A crônica não é narrativa jornalística. O cronista utiliza liberdade criativa e subjetividade, não buscando ser fiel aos fatos, mas sim interpretá-los.
B)Interpreta a realidade e livra-a dos perigos”. — Incorreta: Apesar de transformar a realidade, a crônica não tem foco em “livrar dos perigos”, expressão que não corresponde ao propósito do gênero.
D)Simula a realidade para falseá-la”. — Incorreta: Falsear implica distorcer de modo negativo ou mentiroso. O cronista não falseia a realidade, apenas propõe novas leituras ou interpretações, com criatividade.

Estratégia de resolução: Leia atentamente os fragmentos, localize termos que indiquem transformação, fantasia e leveza. Desconfie de alternativas que exagerem na objetividade ou imputem intenções negativas ao autor. Analise cada palavra-chave cuidadosamente, evitando confundir “transformar” com “falsear” ou “descrever” com “interpretar”.

Dica de especialista: Segundo Evanildo Bechara (“Moderna Gramática Portuguesa”), a interpretação correta depende de reconhecer o não-dito, isto é, os implícitos e as nuances do texto.

Gabarito: C) ameniza e metamorfoseia a realidade.

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