Uma pessoa verdadeiramente forte
A gente costuma ouvir que uma pessoa é forte, que tem gênio forte,
quando ela reage com grande violência em situações que a desagradam.
Ou seja, a pessoa de temperamento forte só está bem e calma quando
tudo acontece exatamente de acordo com a vontade dela. Nos outros
casos, sua reação é explosiva e o estouro costuma provocar o medo nas
pessoas que a cercam.
As pessoas que não toleram frustrações, dores e contrariedades são as
fracas e não as fortes. Fazem muito barulho, gritam, fazem escândalos
e ameaçam bater. São barulhentas e não fortes. O forte é aquele que
ousa e se aventura em situações novas, porque tem a convicção íntima
de que, se fracassar, terá forças interiores para se recuperar.
Ninguém pode ter certeza de que seu empreendimento – sentimental,
profissional, social – será bem-sucedido. Temos medo da novidade
justamente por causa disso. O fraco não ousará, pois a simples ideia do
fracasso já lhe provoca uma dor insuportável. O forte ousará porque
tem a sensação íntima de que é capaz de aguentar o revés.
O forte é aquele que monta no cavalo porque sabe que, se cair, terá
forças para se levantar. O fraco encontrará uma desculpa – em geral,
acusando uma outra pessoa – para não montar no cavalo. Fará gestos
e pose de corajoso, mas, na verdade, é exatamente o contrário. Buscará
tantas certezas prévias de que não irá cair do cavalo que, caso chegue
a tê-las, o cavalo já terá ido embora há muito tempo. O forte é o que
parece ser o fraco: é quieto, discreto, não grita e é o ousado. Faz o que
ninguém esperava que ele fizesse.
GIKOVATE, F. Disponível em: <http://flaviogikovate.com.br/uma-pessoa-verdadeiramenteforte/#more-540>. Acesso em: 01 out. 2016.
A relação entre a tese do texto e os argumentos apresentados pelo autor
para sustentar seu ponto de vista é caracterizada pela
Gabarito comentado
Comentário do Gabarito – Interpretação de Texto
Tema central: Esta é uma questão de interpretação de texto, exigindo do candidato a habilidade de identificar a tese e a estratégia argumentativa utilizada pelo autor. O exercício central aqui é compreender o contraste (oposição) que estrutura o texto.
Alternativa correta: A) contraposição entre os significados de força e fraqueza.
Justificativa: O texto de Gikovate se apoia fortemente na contraposição (ou antítese) entre os conceitos de força e fraqueza. Tradicionalmente, associa-se força a reações explosivas e impulsivas; porém, o autor corrige essa percepção, defendendo que a real força está na resiliência e no equilíbrio. Esta estratégia discursiva é chamada, na estilística, de antítese — conceito aprofundado em gramáticas como a de Evanildo Bechara. Trechos como “O forte é o que parece ser o fraco: é quieto, discreto, não grita e é o ousado” ilustram claramente essa oposição que estrutura toda a argumentação do texto.
Análise das alternativas incorretas:
B) Valorização do fracasso e das frustrações: Incorreta, pois o texto não valoriza o fracasso em si, mas a superação dele. O fracasso é apenas circunstância; o verdadeiro valor destacado é saber lidar com as adversidades.
C) Distinção entre ousadia e medo da novidade: Embora sejam conceitos mencionados, eles funcionam como consequências do verdadeiro tema – a confrontação entre força e fraqueza – e não como eixo central da argumentação.
D) Depreciação de indivíduos considerados fortes: Equívoco: o texto não deprecia, mas redefine o que é ser forte. Não há crítica à pessoa, e sim à compreensão tradicional do termo.
Dica de prova: Acompanhe os conectores (como "enquanto", "mas", "no entanto") e as oposições internas – isso ajuda a perceber contraposições estruturais, pegadinha frequente em questões desse tipo.
Resumo: Use sempre o contexto global do texto, destacando o contraste principal defendido pelo autor, e não detalhes secundários nas alternativas.
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