Questão 2cdd4d47-a6
Prova:UEMG 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Uma pessoa verdadeiramente forte

A gente costuma ouvir que uma pessoa é forte, que tem gênio forte, quando ela reage com grande violência em situações que a desagradam. Ou seja, a pessoa de temperamento forte só está bem e calma quando tudo acontece exatamente de acordo com a vontade dela. Nos outros casos, sua reação é explosiva e o estouro costuma provocar o medo nas pessoas que a cercam.
As pessoas que não toleram frustrações, dores e contrariedades são as fracas e não as fortes. Fazem muito barulho, gritam, fazem escândalos e ameaçam bater. São barulhentas e não fortes. O forte é aquele que ousa e se aventura em situações novas, porque tem a convicção íntima de que, se fracassar, terá forças interiores para se recuperar.
Ninguém pode ter certeza de que seu empreendimento – sentimental, profissional, social – será bem-sucedido. Temos medo da novidade justamente por causa disso. O fraco não ousará, pois a simples ideia do fracasso já lhe provoca uma dor insuportável.
O forte ousará porque tem a sensação íntima de que é capaz de aguentar o revés. O forte é aquele que monta no cavalo porque sabe que, se cair, terá forças para se levantar. O fraco encontrará uma desculpa – em geral, acusando uma outra pessoa – para não montar no cavalo. Fará gestos e pose de corajoso, mas, na verdade, é exatamente o contrário. Buscará tantas certezas prévias de que não irá cair do cavalo que, caso chegue a tê-las, o cavalo já terá ido embora há muito tempo. O forte é o que parece ser o fraco: é quieto, discreto, não grita e é o ousado. Faz o que ninguém esperava que ele fizesse.

GIKOVATE, F. Disponível em: <http://flaviogikovate.com.br/uma-pessoa-verdadeiramenteforte/#more-540>. Acesso em: 01 out. 2016.

A relação entre a tese do texto e os argumentos apresentados pelo autor para sustentar seu ponto de vista é caracterizada pela

A
contraposição entre os significados de força e fraqueza.
B
valorização do fracasso e das frustrações da vida.
C
distinção entre a ousadia e o medo da novidade.
D
depreciação de indivíduos considerados fortes.

Gabarito comentado

R
Rafael CastroMonitor do Qconcursos

Comentário do Gabarito – Interpretação de Texto

Tema central: Esta é uma questão de interpretação de texto, exigindo do candidato a habilidade de identificar a tese e a estratégia argumentativa utilizada pelo autor. O exercício central aqui é compreender o contraste (oposição) que estrutura o texto.

Alternativa correta: A) contraposição entre os significados de força e fraqueza.

Justificativa: O texto de Gikovate se apoia fortemente na contraposição (ou antítese) entre os conceitos de força e fraqueza. Tradicionalmente, associa-se força a reações explosivas e impulsivas; porém, o autor corrige essa percepção, defendendo que a real força está na resiliência e no equilíbrio. Esta estratégia discursiva é chamada, na estilística, de antítese — conceito aprofundado em gramáticas como a de Evanildo Bechara. Trechos como “O forte é o que parece ser o fraco: é quieto, discreto, não grita e é o ousado” ilustram claramente essa oposição que estrutura toda a argumentação do texto.

Análise das alternativas incorretas:

B) Valorização do fracasso e das frustrações: Incorreta, pois o texto não valoriza o fracasso em si, mas a superação dele. O fracasso é apenas circunstância; o verdadeiro valor destacado é saber lidar com as adversidades.

C) Distinção entre ousadia e medo da novidade: Embora sejam conceitos mencionados, eles funcionam como consequências do verdadeiro tema – a confrontação entre força e fraqueza – e não como eixo central da argumentação.

D) Depreciação de indivíduos considerados fortes: Equívoco: o texto não deprecia, mas redefine o que é ser forte. Não há crítica à pessoa, e sim à compreensão tradicional do termo.

Dica de prova: Acompanhe os conectores (como "enquanto", "mas", "no entanto") e as oposições internas – isso ajuda a perceber contraposições estruturais, pegadinha frequente em questões desse tipo.

Resumo: Use sempre o contexto global do texto, destacando o contraste principal defendido pelo autor, e não detalhes secundários nas alternativas.

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