“Já existe, felizmente, em nosso país, uma consciência nacional – em formação é certo – que vai
introduzindo o elemento da dignidade humana em nossa legislação, e para qual a escravidão, apesar de
hereditária, é uma verdadeira mancha de Caim, que o Brasil traz na fronte”. (Joaquim Nabuco, O
Abolicionismo. (Prefácio. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2002).
O movimento abolicionista no Brasil se expressava a partir de ideais:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A - Liberais
Tema central: o enunciado remete ao movimento abolicionista brasileiro do século XIX. Para responder, é preciso relacionar os argumentos contra a escravidão (dignidade humana, direitos individuais, crítica à mancha moral) com correntes ideológicas predominantes da época.
Resumo teórico: o abolicionismo no Brasil articulou-se sobretudo a partir de ideias liberais: valorização da liberdade individual, igualdade perante a lei e cidadania civil. Essas noções, difundidas pela imprensa, clubes abolicionistas e intelectuais (como Joaquim Nabuco), influenciaram políticas graduais — Lei do Ventre Livre (1871), Lei dos Sexagenários (1885) e Lei Áurea (1888) — e a formação de uma opinião pública urbanizada contrária à escravidão.
Por que a alternativa A é correta: o discurso citado enfatiza “dignidade humana” e “consciência nacional em formação”, termos alinhados ao liberalismo civilizante do século XIX. Líderes abolicionistas (intelectuais, profissionais liberais, setores médios urbanos) usaram argumentos jurídicos, morais e políticos típicos do liberalismo para denunciar a escravidão e promover reformas legais.
Análise das alternativas incorretas:
B — Comunistas: o comunismo organizado tinha pouca presença no Brasil no período abolicionista; o movimento não surgiu a partir de teorias marxistas nem de grupos operários comunistas.
C — Anarquistas: embora houvesse críticos da escravidão, o anarquismo brasileiro se fortaleceu mais tarde (fim do século XIX/princípios do XX) e não foi a matriz ideológica dominante do abolicionismo.
D — Monarquistas: é verdade que membros da monarquia (incluindo a princesa Isabel) apoiaram a abolição legislativa; porém, “monarquista” é posição de regime político, não a base ideológica predominante do discurso abolicionista — que se ancorava em princípios liberais e em setores urbanos.
E — Conservadores: os conservadores, ligados à ordem agrária e interesses escravocratas, foram em geral defensores do status quo e adversários da abolição imediata; portanto não sustentaram o movimento abolicionista.
Dica de interpretação: identifique termos-chave do enunciado (ex.: “dignidade humana”, “consciência”) e associe-os às correntes de pensamento que valorizam esses conceitos. Desconfie de alternativas que confundam regime político (monarquia) com matriz ideológica (liberalismo).
Fontes sugeridas: Joaquim Nabuco, O Abolicionismo; leis abolicionistas (Lei do Ventre Livre, 1871; Lei Áurea, Lei nº 3.353/1888); sínteses de historiadores como Emília Viotti da Costa e Florestan Fernandes.
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