Questão 2a279e41-de
Prova:Esamc 2014
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Brasil Monárquico – Segundo Reinado 1831- 1889

Na verdade, não havia mais como adiar o processo. Redigido de maneira simples, o texto da lei era curto e direto: “É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Revogam-se as disposições em contrário”. O Treze de Maio redimiu 700 mil escravos, que representavam, a essa altura, um número pequeno no total da população, estimada em 15 milhões de pessoas. Como se vê, a libertação tardou demais, e representava o fim do último apoio da monarquia: os fazendeiros cariocas da região do Vale do Paraíba, os quais se divorciavam de seu antigo aliado. Mais uma vez, d. Pedro estava ausente no momento da promulgação da lei e deixava a tarefa e a “autoria” a Isabel, sua herdeira presuntiva.
(SCHWARCZ, Lilia Moritz. . As barbas do imperador SP: Companhia das Letras, 2008, p. 437-438.)


Sobre o período histórico retratado no fragmento, julgue as afirmativas:
I. Mesmo com a abolição da escravidão, o apoio dos cafeicultores do Vale do Paraíba ao Império foi mantido, uma vez que eram contrários à manutenção dos privilégios do Oeste Paulista e contavam com o apoio do imperador.
II. Considerada por alguns como 'redentora' dos escravos, a princesa Isabel foi quem assinou a Lei Áurea, principalmente pelo fato de seu pai não se encontrar no Brasil no momento de sua elaboração.
III. A abolição da escravidão retirou a última base de sustentação do Império, já que o Vale do Paraíba mantinha seu apoio à monarquia exatamente pela manutenção da instituição escravista.


Está (ão) correta (s):

A
I apenas
B
II apenas.
C
I e II apenas.
D
II e III apenas.
E
I, II e III.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: D — II e III

Tema central: a abolição da escravidão no Brasil (Lei Áurea, 13/05/1888) e suas consequências políticas para o Império, especialmente o rompimento do vínculo entre a monarquia e os cafeicultores do Vale do Paraíba.

Resumo teórico essencial: a emancipação foi resultado de um processo gradual (Lei do Ventre Livre, 1871; Lei dos Sexagenários, 1885) e terminou com a Lei Áurea (Lei Imperial n. 3.353, de 13 de maio de 1888), assinada pela princesa Isabel como regente. A abolição acelerou a perda de apoio dos grandes proprietários de café ao regime monárquico, contribuindo para a queda da monarquia em 1889.

Justificativa da alternativa correta (II e III):

II — Verdadeira: a princesa Isabel assinou a Lei Áurea enquanto exercia a regência, e por isso foi chamada por parte da opinião pública de “redentora”. É historicamente correto apontar que D. Pedro II estava fora do país ou ausente em parte do período e que Isabel agiu como regente ao sancionar a lei.

III — Verdadeira: a abolição retirou a última base sólida de apoio monárquico entre as elites agrárias tradicionais do Vale do Paraíba, que vinculavam seus interesses econômicos à manutenção do trabalho escravo. A perda desse apoio é apontada como fator relevante para a fragilidade final do Império.

Análise da alternativa incorreta:

I — Falsa: contraria os fatos: a abolição não manteve o apoio dos cafeicultores do Vale do Paraíba; ao contrário, muitos deles afastaram-se da monarquia. Além disso, a afirmação mistura inconsistências — a disputa entre elites regionais (por exemplo, o fortalecimento do Oeste Paulista) não significou que os fazendeiros do Vale contavam com novo apoio imperial capaz de mantê-los ao lado do trono.

Estratégias para resolver: identifique termos causais ("uma vez que", "principalmente") e cheque sua coerência com o contexto histórico. Lembre-se das datas-chave e das leis (Ventre Livre, Sexagenários, Áurea) para evitar confundir autoria com atuação política.

Fonte de referência: Lei Áurea (Lei Imperial n. 3.353/1888) e estudos de história do Brasil imperial (ex.: Schwarcz, L. M.).

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