Os fragmentos abaixo tratam da conquista europeia sobre a América.
Leia-os para responder a questão.
Nunca fizemos mal algum ao homem branco; não queremos isso... Desejamos ser amigos do homem branco... Os búfalos estão diminuindo depressa.
Os antílopes, que eram muitos há poucos anos, agora são poucos. Quando
morrerem todos, ficaremos famintos; vamos querer algo para comer e seremos obrigados a ir ao forte. Seus jovens não devem atirar em nós; em toda parte onde nos veem, atiram e [por isto] atiramos neles.
(Carta do chefe cheyenneTonkahaska (Touro Alto) ao general do exército dos EUA
Winfield Scott Hancock, de 1866. In____BROWN, Dee.
Enterrem meu coração na curva do rio. SP: Melhoramentos, 1970, p. 113.)
Não só para Cortez, como também para os demais conquistadores cronistas espanhóis, a razão da vitória sobre os mexicas era muito clara: haviam
triunfado porque eram cristãos e seguiam o único e verdadeiro Deus. A
guerra de conquista foi uma guerra religiosa em que Deus venceu o demônio adorado pelos indígenas. Além disso, os espanhóis atribuíram seu
triunfo à superioridade da cultura europeia sobre a mesoamericana. Eles
eram pessoas melhores e, por isso, mereciam dominar os mexicas.
(MORAIS, Marcus Vinícius de. Hernán Cortez –
civilizador ou genocida? SP: Contexto, 2011, p. 126.)
De acordo com o conteúdo dos fragmentos, podemos identificar sua
ideia principal na seguinte alternativa:
Gabarito comentado
Resposta correta: C
Tema central: a questão trata da conquista europeia das Américas e, em especial, das representações e atitudes dos conquistadores em relação às culturas indígenas — isto é, do desrespeito, da justificativa ideológica e da violência que acompanharam esse processo.
Resumo teórico (claro e progressivo): A conquista não pode ser explicada só por superioridade tecnológica ou militar: envolve alianças locais, doenças epidêmicas, razões econômicas e uma forte justificativa ideológica (cristianização, missão civilizatória, racismo cultural). Cronistas e líderes europeus legitimavam a dominação atribuindo-se uma suposta superioridade religiosa e cultural — postura que deslegitimava e desrespeitava as sociedades indígenas (ver Dee Brown; Marcus V. Morais).
Justificativa da alternativa C: Os fragmentos mostram dois elementos complementares: o apelo de um líder indígena à convivência e às perdas materiais (Tonkahaska) e a explicação dos conquistadores de que venceram por serem cristãos e culturalmente superiores (Morais). A ideia comum é o desrespeito e a desvalorização das culturas nativas por parte dos europeus — exatamente o enunciado da alternativa C.
Análise das alternativas incorretas:
A — mistura verdades e afirmações imprecisas: não há nos trechos afirmação sobre "ausência de padrões religiosos" dos americanos; é uma generalização que distorce o conteúdo.
B — invertera a responsabilidade: os fragmentos não apresentam a violência nativa como causa justificadora da conquista; mostram, ao contrário, justificativas europeias ideológicas.
D — afirma uma associação pan-americana dos nativos contra os europeus que exigiu mais violência; não é sustentada pelos textos e contradiz a variedade de contextos e divisões locais.
E — reduz a conquista a um processo cultural pacífico de "agregação"; os textos e a historiografia mostram coação, violência e imposição cultural, não assimilação voluntária.
Dica de prova: procure a ideia que sintetiza ambos os fragmentos — o nexo comum — e desconfie de alternativas que acrescentam generalizações ou inversões de responsabilidade.
Fontes citadas: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio; Marcus V. Morais, Hernán Cortés — civilizador ou genocida?
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