Analise as afirmações:
I. “Um endereço não é para sempre”, “Uma profissão pode ser jogada pela janela” e “A arte passa por
ciclos” são expressões utilizadas no último parágrafo para questionar o caráter permanente de
certas coisas.
II. Considerando o último parágrafo do texto, podemos afirmar que a conclusão da autora é de que nada
pode ser considerado permanente.
III. No trecho “[...] mas o que sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem para agora,
hoje é o meu dia, nenhum outro”, os termos destacados excluem a ideia de transitoriedade que a
autora associa ao casamento.
Assinale a alternativa correta:
Texto 3
O permanente e o provisório
O casamento é permanente, o namoro é provisório. O amor é permanente, a paixão é provisória. Uma
profissão é permanente, um emprego é provisório. Um endereço é permanente, uma estada é provisória. A arte é
permanente, a tendência é provisória. De acordo? Nem eu.
Um casamento que dura 20 anos é provisório. Não somos repetições de nós mesmos, a cada instante
somos surpreendidos por novos pensamentos que nos chegam através da leitura, do cinema, da meditação. O que
eu fui ontem e anteontem, já é memória. Escada vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o
que conta, minhas decisões valem para agora, hoje é o meu dia, nenhum outro.
Amor permanente... como a gente se agarra nessa ilusão. Pois se nem o amor por nós mesmos resiste tanto
tempo sem umas reavaliações. [...]O amor se infiltra dentro de nós, mas seguem todos em movimento: você, o amor
da sua vida e o que vocês sentem. Tudo pulsando independentemente, e passíveis de se desgarrar um do outro.
Um endereço não é pra sempre, uma profissão pode ser jogada pela janela, [...] a arte passa por ciclos, e se
tudo isso é soberano e tem valor supremo, é porque hoje acreditamos nisso, hoje somos superiores ao passado e ao
futuro, agora é que nossa crença se estabiliza, a necessidade se manifesta, a vontade se impõe – até que o tempo
vire.
MEDEIROS, Martha. Coisas da vida. Porto Alegre: L&PM, 2005. p. 39-40. (Fragmento).
Gabarito comentado
Tema central: A questão avalia sua capacidade de interpretação de texto, especificamente quanto à identificação de ideias principais e secundárias, bem como ao reconhecimento de conceitos de permanência e transitoriedade nas relações propostas pelo texto.
Justificativa para a alternativa correta (B):
A alternativa correta aponta os itens I e II como corretos, e é preciso conferir cada um interpretando cuidadosamente o texto:
I – As frases destacadas (“Um endereço não é para sempre”, “Uma profissão pode ser jogada pela janela”, “A arte passa por ciclos”) realmente mostram a ideia de que nada é permanente, questionando a estabilidade dessas situações. Martha Medeiros utiliza esses exemplos no último parágrafo para demonstrar que tudo é transitório.
Correto.
II – O texto conclui que "agora é que nossa crença se estabiliza, a necessidade se manifesta, a vontade se impõe – até que o tempo vire." Ou seja, nada é considerado permanente, pois tudo se modifica com o tempo, mesmo nossas convicções e necessidades.
Correto.
III – Ao afirmar “o que sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem para agora, hoje é o meu dia, nenhum outro”, a autora não exclui a transitoriedade; pelo contrário, reforça que só o presente importa, pois tudo muda.
Incorreto.
Análise das alternativas incorretas:
A) Inclui a III, que está errada.
C) Assume II e III corretas, mas a III está incorreta.
D) Generaliza, mas a III é falsa.
E) Ignora o item II, que está correto.
Dica de interpretação: Atente-se ao uso de expressões como “neste momento”, “hoje”, “até que o tempo vire” — elas relativizam a ideia de permanência. Questões de interpretação, muitas vezes, ocultam pegadinhas em palavras que limitam ou generalizam erroneamente as ideias do texto.
Segundo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa) e manual de redação oficial, a leitura atenta dos conectores e do contexto é essencial para captar o sentido global – exatamente o que foi exigido aqui.
Gabarito: B
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