O sebastianismo, mito do retorno triunfal de Dom Sebastião, o rei desaparecido em batalha no norte da África, ilustra a fala de José Miguel
Wisnki e o poema de Fernando Pessoa. O uso para Wisnik se justifica porque:
Texto para a questão:
D. SEBASTIÃO
'Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.
Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura
É Esse que regressarei.
(PESSOA, Fernando .Mensagem)
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de Texto. A questão exige leitura cuidadosa do poema de Fernando Pessoa e análise das alternativas à luz do conceito de sebastianismo – crença messiânica no regresso de D. Sebastião para salvação nacional. Fundamental aqui é captar a ideia implícita de imobilidade/paralisia diante da crise, que possibilita o paralelo com a Seleção Brasileira mencionado por Wisnik.
Justificativa da alternativa correta (C):
A opção C – “os jogadores brasileiros, como o rei, sofreram de uma espécie de imobilidade diante de um momento de grande tensão e perderam a ‘batalha’” – é a mais adequada porque estabelece o paralelo essencial entre D. Sebastião (que se tornou símbolo nacional pela inação e derrota em momento crítico) e a Seleção. O poema sugere uma espera, uma suspensão que termina em “desventura”. Segundo citado em Cunha & Cintra (semântica do texto literário), interpreta-se aqui a ideia de impotência ou imobilidade, não de vitória ou glória. Assim, o conceito de perda paralisante liga rei e jogadores.
Análise das alternativas incorretas:
A) A alternativa fala em “avanço cultural” e “alma brasileira”. O foco do sebastianismo, porém, não é avanço, mas sim esperança messiânica após a derrota. Não capta o sentido de espera e imobilidade do texto-poema.
B) “Glorificação internacional” não corresponde à lenda de D. Sebastião, cuja marca é a derrota e a esperança de retorno redentor. Não há, no texto, exaltação internacional do rei ou dos jogadores.
D) A expectativa de vitória (“sonho comum”) é parte do cenário, mas não é o núcleo do sebastianismo. O poema sugere desilusão, perdida a batalha, e não simples otimismo coletivo.
E) Embora mencione “intervenção de Deus”, o sebastianismo não se reduz a fé na vitória divina, mas sim a espera imóvel por um salvador. O texto destaca a paralisação diante da crise, não o milagre.
Estratégia de resolução: Atente para palavras-chave (“areal”, “desventura”, “imersa”, “sonhos”) que sugerem suspensão/impotência. Aprofunde a relação entre passado histórico e metáfora esportiva na análise das opções.
Conclusão: O entendimento preciso do mito do sebastianismo, aliado à leitura atenta dos versos, conduz com segurança à alternativa C.
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