Questão 298a0150-de
Prova:Esamc 2014
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O sebastianismo, mito do retorno triunfal de Dom Sebastião, o rei desaparecido em batalha no norte da África, ilustra a fala de José Miguel Wisnki e o poema de Fernando Pessoa. O uso para Wisnik se justifica porque:

Texto para a questão:


D. SEBASTIÃO

'Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.

Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura
É Esse que regressarei.

(PESSOA, Fernando .Mensagem)

A
a seleção brasileira substitui D. Sebastião no imaginário nacional como a possibilidade de um avanço cultural, a nossa “alma” brasileira.
B
o rei, como os jogadores brasileiros, simbolizava a nação glorificada pela comunidade internacional como a “pátria de Deus”.
C
os jogadores brasileiros, como o rei, sofreram de uma espécie de imobilidade diante de um momento de grande tensão e perderam a “batalha”.
D
tanto os torcedores brasileiros quanto os sebastianistas tinham a vitória final de seus ídolos como certa, já que era um “sonho” comum à maioria.
E
tanto os torcedores brasileiros quanto os sebastianistas acreditaram na intervenção de “Deus” como um meio de se conseguir a vitória.

Gabarito comentado

F
Fabiana Lacerda Monitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de Texto. A questão exige leitura cuidadosa do poema de Fernando Pessoa e análise das alternativas à luz do conceito de sebastianismo – crença messiânica no regresso de D. Sebastião para salvação nacional. Fundamental aqui é captar a ideia implícita de imobilidade/paralisia diante da crise, que possibilita o paralelo com a Seleção Brasileira mencionado por Wisnik.

Justificativa da alternativa correta (C):

A opção C – “os jogadores brasileiros, como o rei, sofreram de uma espécie de imobilidade diante de um momento de grande tensão e perderam a ‘batalha’” – é a mais adequada porque estabelece o paralelo essencial entre D. Sebastião (que se tornou símbolo nacional pela inação e derrota em momento crítico) e a Seleção. O poema sugere uma espera, uma suspensão que termina em “desventura”. Segundo citado em Cunha & Cintra (semântica do texto literário), interpreta-se aqui a ideia de impotência ou imobilidade, não de vitória ou glória. Assim, o conceito de perda paralisante liga rei e jogadores.

Análise das alternativas incorretas:

A) A alternativa fala em “avanço cultural” e “alma brasileira”. O foco do sebastianismo, porém, não é avanço, mas sim esperança messiânica após a derrota. Não capta o sentido de espera e imobilidade do texto-poema.

B) “Glorificação internacional” não corresponde à lenda de D. Sebastião, cuja marca é a derrota e a esperança de retorno redentor. Não há, no texto, exaltação internacional do rei ou dos jogadores.

D) A expectativa de vitória (“sonho comum”) é parte do cenário, mas não é o núcleo do sebastianismo. O poema sugere desilusão, perdida a batalha, e não simples otimismo coletivo.

E) Embora mencione “intervenção de Deus”, o sebastianismo não se reduz a fé na vitória divina, mas sim a espera imóvel por um salvador. O texto destaca a paralisação diante da crise, não o milagre.

Estratégia de resolução: Atente para palavras-chave (“areal”, “desventura”, “imersa”, “sonhos”) que sugerem suspensão/impotência. Aprofunde a relação entre passado histórico e metáfora esportiva na análise das opções.

Conclusão: O entendimento preciso do mito do sebastianismo, aliado à leitura atenta dos versos, conduz com segurança à alternativa C.

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