“Nessa mesma hora, um avião partia do Aeroporto Santos Dumont rumo à cidade de São Paulo. O comandante, pelo microfone, pedia atenção aos viajantes para ‘uma notícia da mais alta gravidade’: o presidente Getúlio Vargas deu um tiro no próprio peito. (...)
Grupos de trabalhadores oriundos dos subúrbios dirigiam-se chorosos ao Palácio do Catete – o que ajudou os indecisos a tomarem a decisão de acompanhá-los. Enquanto isso, soldados da Polícia do Exército já tinham cavado trincheiras com ninhos de metralhadoras na praia do Russel e nas imediações do Catete...”
FERREIRA, Jorge. O imaginário trabalhista – getulismo, PTB e cultura política popular 1945-1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, pp. 165-166.
O texto acima refere-se à comoção popular e às manifestações que se seguiram à morte do presidente Getúlio Vargas, em agosto de 1954. Sobre o segundo governo desse presidente, é correto afirmar que
Grupos de trabalhadores oriundos dos subúrbios dirigiam-se chorosos ao Palácio do Catete – o que ajudou os indecisos a tomarem a decisão de acompanhá-los. Enquanto isso, soldados da Polícia do Exército já tinham cavado trincheiras com ninhos de metralhadoras na praia do Russel e nas imediações do Catete...”
FERREIRA, Jorge. O imaginário trabalhista – getulismo, PTB e cultura política popular 1945-1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, pp. 165-166.
O texto acima refere-se à comoção popular e às manifestações que se seguiram à morte do presidente Getúlio Vargas, em agosto de 1954. Sobre o segundo governo desse presidente, é correto afirmar que
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa C
Tema central: trata-se do segundo governo de Getúlio Vargas (1951–1954), sua política populista, a crise política de 1954 e o papel da imprensa e da oposição (em especial Carlos Lacerda) que culminaram no suicídio do presidente. É importante conhecer atores (PTB, sindicatos, UDN, Carlos Lacerda), eventos-chave (atentado da Rua Tonelero) e medidas governamentais (criação da Petrobras).
Resumo teórico e contexto: Vargas voltou ao poder por eleição em 1950 com base trabalhista e nacionalista. Implementou políticas de proteção ao trabalhismo e de nacionalização do petróleo — a Petrobras foi criada por lei (Lei nº 2.004, 3 out. 1953) — e manteve forte apelo popular. A oposição conservadora, sobretudo o jornalista Carlos Lacerda e setores da UDN, lideraram campanha acusatória contra corrupção e “mar de lama”. A crise estourou após o atentado à vida de Lacerda (Rua Tonelero, 5 ago. 1954), em que morreu o major Rubens Vaz; ligações entre os atiradores e a guarda presidencial agravaram a crise, e Lacerda usou a Tribuna da Imprensa para mobilizar a opinião pública (Ferreira, 2005; Skidmore, Politics in Brazil).
Por que a alternativa C está correta: afirma que Carlos Lacerda foi um dos principais articuladores da campanha para derrubar Vargas e que usou seu jornal (Tribuna da Imprensa) para denunciar o “mar de lama”. Isso corresponde aos fatos: Lacerda liderou a oposição midiática e política, expondo escândalos e capitalizando o atentado para exigir a saída de Vargas (ver Ferreira, 2005).
Análise das incorretas:
A — Falsa. O segundo governo foi eleito democraticamente e não reeditaria as bases autoritárias do Estado Novo; havia pluralismo político e eleições (não era uma nova ditadura).
B — Falsa. A criação da Petrobras foi uma medida nacionalista e popular entre setores progressistas e sindicatos; não foi vista como “danosa” pelos trabalhadores nem justificou a expressão “mãe dos ricos”.
D — Falsa. Ao contrário, houve grande comoção popular, manifestações e mobilização de trabalhadores após o suicídio de Vargas — cenas amplamente documentadas.
E — Falsa. João Goulart, ministro do Trabalho, era aliado das demandas sindicais e não foi demitido por medidas impopulares; tornou-se posteriormente figura central na política.
Dica de interpretação: procure palavras absolutas (ex.: “mesmas bases ditatoriais”) e confira com fatos cronológicos (eleito em 1950; Petrobras em 1953; atentado/Crise em 1954). Relacione atores (Lacerda/Tribuna) com eventos concretos (Rua Tonelero) para validar alternativas.
Fontes sugeridas: Jorge Ferreira, O Imaginário Trabalhista (2005); Thomas Skidmore, Politics in Brazil (cap. sobre 1950–54); Lei nº 2.004/1953 (criação da Petrobras).
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