Questão 2701263f-d0
Prova:IF-BA 2013
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Era Vargas – 1930-1954

“Nessa mesma hora, um avião partia do Aeroporto Santos Dumont rumo à cidade de São Paulo. O comandante, pelo microfone, pedia atenção aos viajantes para ‘uma notícia da mais alta gravidade’: o presidente Getúlio Vargas deu um tiro no próprio peito. (...)

Grupos de trabalhadores oriundos dos subúrbios dirigiam-se chorosos ao Palácio do Catete – o que ajudou os indecisos a tomarem a decisão de acompanhá-los. Enquanto isso, soldados da Polícia do Exército já tinham cavado trincheiras com ninhos de metralhadoras na praia do Russel e nas imediações do Catete...”

FERREIRA, Jorge. O imaginário trabalhista – getulismo, PTB e cultura política popular 1945-1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, pp. 165-166.

O texto acima refere-se à comoção popular e às manifestações que se seguiram à morte do presidente Getúlio Vargas, em agosto de 1954. Sobre o segundo governo desse presidente, é correto afirmar que

A
o segundo governo de Getúlio Vargas foi montado conforme as mesmas bases ditatoriais presentes no Estado Novo (1937-1945), fato que motivou a imensa oposição ao presidente e a crise que o levaram ao suicídio.
B
a criação da Petrobras foi considerada pelos sindicatos uma das medidas mais danosas de Getúlio Vargas, fato que faz com que trabalhadores ainda hoje o chamem de “mãe dos ricos”.
C
o jornalista Carlos Lacerda foi um dos principais articuladores da crise que visava derrubar Getúlio, utilizando o jornal Tribuna da Imprensa para denunciar o suposto “mar de lama” que havia sido instalado no país com Vargas na presidência.
D
não houve por parte da população nenhum tipo de manifestação após a morte de Vargas, comportamento explicado pela apatia que a política populista causava nos trabalhadores urbanos.
E
João Goulart, ministro do Trabalho de Vargas, foi demitido por aplicar uma política salarial extremamente impopular, o que o tornou figura indesejada pelos dirigentes sindicais.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa C

Tema central: trata-se do segundo governo de Getúlio Vargas (1951–1954), sua política populista, a crise política de 1954 e o papel da imprensa e da oposição (em especial Carlos Lacerda) que culminaram no suicídio do presidente. É importante conhecer atores (PTB, sindicatos, UDN, Carlos Lacerda), eventos-chave (atentado da Rua Tonelero) e medidas governamentais (criação da Petrobras).

Resumo teórico e contexto: Vargas voltou ao poder por eleição em 1950 com base trabalhista e nacionalista. Implementou políticas de proteção ao trabalhismo e de nacionalização do petróleo — a Petrobras foi criada por lei (Lei nº 2.004, 3 out. 1953) — e manteve forte apelo popular. A oposição conservadora, sobretudo o jornalista Carlos Lacerda e setores da UDN, lideraram campanha acusatória contra corrupção e “mar de lama”. A crise estourou após o atentado à vida de Lacerda (Rua Tonelero, 5 ago. 1954), em que morreu o major Rubens Vaz; ligações entre os atiradores e a guarda presidencial agravaram a crise, e Lacerda usou a Tribuna da Imprensa para mobilizar a opinião pública (Ferreira, 2005; Skidmore, Politics in Brazil).

Por que a alternativa C está correta: afirma que Carlos Lacerda foi um dos principais articuladores da campanha para derrubar Vargas e que usou seu jornal (Tribuna da Imprensa) para denunciar o “mar de lama”. Isso corresponde aos fatos: Lacerda liderou a oposição midiática e política, expondo escândalos e capitalizando o atentado para exigir a saída de Vargas (ver Ferreira, 2005).

Análise das incorretas:

A — Falsa. O segundo governo foi eleito democraticamente e não reeditaria as bases autoritárias do Estado Novo; havia pluralismo político e eleições (não era uma nova ditadura).

B — Falsa. A criação da Petrobras foi uma medida nacionalista e popular entre setores progressistas e sindicatos; não foi vista como “danosa” pelos trabalhadores nem justificou a expressão “mãe dos ricos”.

D — Falsa. Ao contrário, houve grande comoção popular, manifestações e mobilização de trabalhadores após o suicídio de Vargas — cenas amplamente documentadas.

E — Falsa. João Goulart, ministro do Trabalho, era aliado das demandas sindicais e não foi demitido por medidas impopulares; tornou-se posteriormente figura central na política.

Dica de interpretação: procure palavras absolutas (ex.: “mesmas bases ditatoriais”) e confira com fatos cronológicos (eleito em 1950; Petrobras em 1953; atentado/Crise em 1954). Relacione atores (Lacerda/Tribuna) com eventos concretos (Rua Tonelero) para validar alternativas.

Fontes sugeridas: Jorge Ferreira, O Imaginário Trabalhista (2005); Thomas Skidmore, Politics in Brazil (cap. sobre 1950–54); Lei nº 2.004/1953 (criação da Petrobras).

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